São Paulo, segunda, 5 de janeiro de 1998.



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NOVA GEOPOLÍTICA

Ao término da Guerra Fria parecia que as relações internacionais dariam lugar apenas a questões comerciais. Os presidentes assumiriam funções supostamente semelhantes às dos caixeiros-viajantes.
Mas o exemplo de 97 vai mostrando que a realidade mundial, que não deixa de confirmar parte dessas tendências apontadas, é um tanto diversa. A política internacional assume novas formas. As relações globais incluem temas bem mais complexos.
Ficou evidente que o fim da Guerra Fria não foi um fato simples. Há, para dizer o menos, uma herança de tensões econômicas, sociais, étnicas e territoriais que, durante o período de confronto bipolar, ficaram apenas mascaradas ou reprimidas.
Os dois exemplos mais claros de que a Guerra Fria acabou, mas deixou problemas por resolver foram o agravamento das tensões no Oriente Médio e o avanço da Otan, sob o comando dos EUA, sobre os países que antes jaziam sob domínio soviético. Nos dois casos, importantes mudanças no desenho político do mapa-múndi ainda estão em curso.
A temática da segurança global vem sendo impelida em novas direções. Os exemplos vão do fortalecimento de máfias com o porte de governos atuando no tráfico de armas, de drogas e até de pessoas e órgãos humanos, ao aumento do contrabando e da evasão fiscal. A coordenação dos países e até dos exércitos no combate a esses males apenas engatinha.
Há também novas questões que são mais positivas. O crescimento das organizações não-governamentais e a explosão de novas mídias (Internet e TVs a cabo, por exemplo), sempre atuando em escala internacional, mostra quão tímida e até despreparada é a diplomacia tradicional.
No lugar da Guerra Fria, aumentam as frentes onde são disputadas outras guerras: eletrônicas, de informação e contra novas ameaças à segurança dos indivíduos e dos países.
Neste cenário, os Estados nacionais ainda são importantes, mas seu raio de ação ficou mais restrito.



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