|
Próximo Texto | Índice
O FUTURO DOS FUNDOS
A incerteza e os debates que
cercam o futuro dos fundos
previdenciários, públicos e privados,
não se limitam ao Brasil. Apesar da
recuperação das Bolsas de Valores
norte-americanas, os fundos de pensão dos EUA viram aumentar o seu
desequilíbrio contábil, como mostrou o jornal "The New York Times".
Segundo os números divulgados,
se as 500 maiores empresas norte-americanas tivessem que honrar
agora os compromissos assumidos
com trabalhadores ativos e inativos,
o déficit no sistema seria de US$ 259
bilhões. O setor concentra recursos
da ordem de US$ 1,6 trilhão e obrigações com 44 milhões de cidadãos.
No ano passado, o desequilíbrio era
de US$ 212 bilhões (cálculos da empresa Standard & Poors).
Entre os fatores para o desequilíbrio estão o envelhecimento da população e a incorporação gradual das
perdas dos últimos anos nas planilhas. A redução das taxas de juros
torna mais onerosas as obrigações
futuras dos fundos de pensão. Os
lobbies das empresas já atuam em
busca de mudanças nas regras.
O problema não diz respeito apenas aos pensionistas. Para fazer frente às obrigações, cada empresa precisa formar reservas. Recursos que poderiam ser investidos na produção
ou em inovações tecnológicas são
desviados para fazer frente ao ônus
previdenciário. O ajuste pode tornar
menos otimistas as expectativas
quanto ao futuro das empresas, o
que afasta investidores.
Surge um círculo vicioso: o desequilíbrio dos fundos deprime o horizonte de retorno das empresas, que
crescem menos e enfrentam mais dificuldades para gerar receitas e formar reservas para seus fundos. Há
também dúvidas quanto à honestidade dos balanços dessas empresas.
Privatizar o sistema previdenciário
não é panacéia. Nos Estados Unidos,
se não existe uma crise aberta, o desequilíbrio no setor é crescente e pode até mesmo perturbar a retomada
do crescimento econômico que começa a se materializar.
Próximo Texto: Editoriais: COTAS EM QUESTÃO Índice
|