São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2004

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O FUTURO DOS FUNDOS

A incerteza e os debates que cercam o futuro dos fundos previdenciários, públicos e privados, não se limitam ao Brasil. Apesar da recuperação das Bolsas de Valores norte-americanas, os fundos de pensão dos EUA viram aumentar o seu desequilíbrio contábil, como mostrou o jornal "The New York Times".
Segundo os números divulgados, se as 500 maiores empresas norte-americanas tivessem que honrar agora os compromissos assumidos com trabalhadores ativos e inativos, o déficit no sistema seria de US$ 259 bilhões. O setor concentra recursos da ordem de US$ 1,6 trilhão e obrigações com 44 milhões de cidadãos. No ano passado, o desequilíbrio era de US$ 212 bilhões (cálculos da empresa Standard & Poors).
Entre os fatores para o desequilíbrio estão o envelhecimento da população e a incorporação gradual das perdas dos últimos anos nas planilhas. A redução das taxas de juros torna mais onerosas as obrigações futuras dos fundos de pensão. Os lobbies das empresas já atuam em busca de mudanças nas regras.
O problema não diz respeito apenas aos pensionistas. Para fazer frente às obrigações, cada empresa precisa formar reservas. Recursos que poderiam ser investidos na produção ou em inovações tecnológicas são desviados para fazer frente ao ônus previdenciário. O ajuste pode tornar menos otimistas as expectativas quanto ao futuro das empresas, o que afasta investidores.
Surge um círculo vicioso: o desequilíbrio dos fundos deprime o horizonte de retorno das empresas, que crescem menos e enfrentam mais dificuldades para gerar receitas e formar reservas para seus fundos. Há também dúvidas quanto à honestidade dos balanços dessas empresas.
Privatizar o sistema previdenciário não é panacéia. Nos Estados Unidos, se não existe uma crise aberta, o desequilíbrio no setor é crescente e pode até mesmo perturbar a retomada do crescimento econômico que começa a se materializar.



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