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CINEMA NACIONAL
É alvissareira a notícia de
que o número de pessoas que
assistiram a filmes brasileiros em
2003 cresceu mais de 200% em relação ao ano anterior. Entre os dez longas-metragens mais vistos no país,
três foram brasileiros. Em termos
absolutos, o público do cinema nacional saltou de 7,2 milhões de espectadores em 2002 para vultosos 22
milhões no ano passado.
O sucesso foi tamanho que especialistas acham difícil uma repetição
do desempenho agora em 2004,
quando as estréias internacionais deverão ser mais fortes e o número de
lançamentos de candidatos a campeões de bilheteria brasileiros não
deverá ser tão elevado. O importante,
porém, é que a indústria cinematográfica nacional parece estar num
movimento ascendente quando se
considera a série histórica.
Um dos elementos a explicar o resultado é a crescente qualidade da filmografia brasileira. Para que o público acorra às salas é preciso antes de
mais nada matéria-prima, isto é, filmes interessantes. Não é demais
lembrar que há poucas salas no país
e que o preço do ingresso não é baixo
diante da renda média do brasileiro.
Outro fator considerável é a mídia.
As três fitas nacionais mais vistas trazem todas o selo da Globo Filmes,
braço cinematográfico da TV Globo,
que exibiu em sua programação comerciais de suas estréias, dando-lhes
uma visibilidade inédita.
Seria precipitado afirmar que a indústria cinematográfica brasileira
caminha para a viabilidade comercial. São poucos os países em que essa atividade é inteiramente sustentável. Subsídios e normas de proteção
são uma constante. Esses benefícios,
porém, devem ser pensados de modo a estimular a formação de verdadeiros investidores, agentes que efetivamente apliquem recursos próprios, avaliando riscos e buscando
retorno. Não basta conceder, como
hoje ocorre, isenção fiscal a empresas muitas vezes alheias ao processo
de formação e fortalecimento da indústria audiovisual no país. É preciso
aprofundar o debate em torno dos
critérios para a concessão dos incentivos, que são dinheiro público e devem, portanto, não apenas receber
tratamento transparente como ter
uso racional e eficiente.
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