São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2004

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CINEMA NACIONAL

É alvissareira a notícia de que o número de pessoas que assistiram a filmes brasileiros em 2003 cresceu mais de 200% em relação ao ano anterior. Entre os dez longas-metragens mais vistos no país, três foram brasileiros. Em termos absolutos, o público do cinema nacional saltou de 7,2 milhões de espectadores em 2002 para vultosos 22 milhões no ano passado.
O sucesso foi tamanho que especialistas acham difícil uma repetição do desempenho agora em 2004, quando as estréias internacionais deverão ser mais fortes e o número de lançamentos de candidatos a campeões de bilheteria brasileiros não deverá ser tão elevado. O importante, porém, é que a indústria cinematográfica nacional parece estar num movimento ascendente quando se considera a série histórica.
Um dos elementos a explicar o resultado é a crescente qualidade da filmografia brasileira. Para que o público acorra às salas é preciso antes de mais nada matéria-prima, isto é, filmes interessantes. Não é demais lembrar que há poucas salas no país e que o preço do ingresso não é baixo diante da renda média do brasileiro.
Outro fator considerável é a mídia. As três fitas nacionais mais vistas trazem todas o selo da Globo Filmes, braço cinematográfico da TV Globo, que exibiu em sua programação comerciais de suas estréias, dando-lhes uma visibilidade inédita.
Seria precipitado afirmar que a indústria cinematográfica brasileira caminha para a viabilidade comercial. São poucos os países em que essa atividade é inteiramente sustentável. Subsídios e normas de proteção são uma constante. Esses benefícios, porém, devem ser pensados de modo a estimular a formação de verdadeiros investidores, agentes que efetivamente apliquem recursos próprios, avaliando riscos e buscando retorno. Não basta conceder, como hoje ocorre, isenção fiscal a empresas muitas vezes alheias ao processo de formação e fortalecimento da indústria audiovisual no país. É preciso aprofundar o debate em torno dos critérios para a concessão dos incentivos, que são dinheiro público e devem, portanto, não apenas receber tratamento transparente como ter uso racional e eficiente.



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