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CLÓVIS ROSSI
Quem topa o boletim?
SÃO PAULO - Se o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva quer mesmo
mais eficiência no gasto público, tal
como pediu ao ministro do Planejamento, ouso sugerir que copie iniciativa do presidente francês Nicolas Sarkozy.
O hiperativo Sarkozy acaba de introduzir o que se poderia chamar de
boletim escolar para 15 ministros.
Trata-se de uma avaliação de desempenho a ser elaborada conjuntamente por altos funcionários públicos e uma firma privada de auditoria, com base, segundo o jornal
"Le Monde", em 30 critérios.
O ministro da Cultura será julgado, por exemplo, pela cota de mercado que a produção cinematográfica francesa conseguir conservar
ou ampliar. Justo, não? Se Gilberto
Gil fosse cobrado por esse critério,
certamente seria mais exigente
com a qualidade da produção cinematográfica brasileira quando os
produtores solicitassem financiamento oficial, certo?
Outro critério, este para a ministra da Educação: a nota dependerá
da porcentagem de alunos que
prosseguem os estudos a partir do
primeiro ano da faculdade. Alô, alô,
Fernando Haddad, você sobreviveria a esse teste se aplicado às universidades federais do Brasil?
Aliás, seria o caso de os governos
estaduais, pelo menos, também serem avaliados de acordo com o nível de deserção escolar, já que o ensino básico e médio é responsabilidade estadual e, em menor grau,
municipal.
Se Lula topar o desafio, teria uma
vantagem: entre seus amigos e
apoiadores está um auditor de prestígio, Antoninho Marmo Trevisan,
que, em tese, levaria para o "boletim de notas" dos ministros critérios menos mercantilistas.
A lógica do processo é cristalina:
"Os ministros, como os outros, devem prestar contas", diz Laurent
Wauquiez, porta-voz do primeiro-ministro François Fillon.
Contas ao presidente mas também ao público.
crossi@uol.com.br
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