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IGOR GIELOW
Começo desastrado
BRASÍLIA - Lula começou mal
2008. Em menos de uma semana,
uma razoável coleção de problemas, e o fogo que atingiu o governo
é mais do que amigo.
A começar pelo "não-pacote" de
aumento de impostos, como o governo tenta vender para a mídia
amiga a quebra de compromisso
público de Lula. Até nisso a área
econômica petista repete a tucana:
torce palavras para negar o óbvio.
Em um país decente, Guido Mantega estaria na rua depois de falar o
absurdo que disse sobre o prazo de
validade da palavra de Lula. Aqui,
vira personagem de seção de frases
ridículas, assim como José Múcio.
Que articulador afirma que não sabia o que o chefe iria fazer?
As medidas seriam até defensáveis, não fosse a cantilena do fim de
ano de Lula e sua procissão de acólitos negando o aumento de impostos. O discurso simplista seria fácil:
"A culpa é da oposição, ela rejeitou a
CPMF". Mas o tom foi outro, só para ser jogado fora no segundo dia do
ano. Inconstância tem preço.
De repente, surge José Dirceu. As
sensacionais frases atribuídas pela
revista "Piauí" a ele dizem tanto sobre o real espírito dos governistas
quanto a admissão de delito de Duda Mendonça à CPI dos Correios.
Agora é hora do "não foi bem isso
que eu disse" de praxe. Mas a desenvoltura na citação ao uso de malas de dinheiro pelos partidários de
Lula, a menção ao "pobre do Delúbio", tudo isso leva ao Planalto um
cheiro de problema fora de hora. Ou
nem tão extemporâneo, pois nada é
gratuito na política.
Como cereja do bolo, a "melhor
política externa da história" deu
mais uma bola fora, ao ser manipulada por Hugo Chávez no episódio
dos reféns das Farc. O Itamaraty
ainda pode resmungar que isso é
problema do chanceler-sombra para América Latina, Marco Aurélio
"Top, top, top" Garcia, mas o estrago está feito.
Parece bom mesmo que Lula cancele suas férias. O ano promete.
igielow@folhasp.com.br
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