ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Mal tomaram posse, os governadores começam a botar as manguinhas de fora.
Os reeleitos e ligados a Fernando Henrique Cardoso atuam apenas nos bastidores. Caso de Tasso Jereissati (CE), Roseana Sarney (MA), Dante de Oliveira (MT) e vai por aí afora.
Os que derrubaram os antecessores, suas máquinas e eventuais mãozinhas federais são mais explícitos. Exigem vantagens objetivas e querem pontos políticos subjetivos.
Neste caso, destacam-se os de oposição a FHC, muito especialmente Itamar Franco (MG). Outros são Anthony Garotinho (RJ), Olívio Dutra (RS) e Zeca do PT (MS).
Itamar não faz por menos. Acena com calote da dívida mobiliária, suspendendo o pagamento de parcelas já negociadas do total de R$ 18,5 bilhões.
Garotinho, que pagou o 13º dos servidores depois de uma passadinha no Planalto, agora entra no vácuo de Itamar: só quer começar a quitar a dívida de R$ 21,3 bilhões um ano depois.
Dutra cai de pau em Antonio Britto, sugerindo que pague com juros e correção monetária um empréstimo de R$ 253 milhões feito para a instalação da GM no Estado. Sem entrar no mérito do estilo gauchês, supõe-se que tente simultaneamente atingir FHC e denunciar a abertura econômica.
Há, também, casos particulares. Em Mato Grosso do Sul, funcionários não vão trabalhar por falta de dinheiro para o ônibus. Em Brasília, Joaquim Roriz tenta escapar da própria armadilha: a promessa de reajuste de 28% para os funcionários.
Os Estados contribuem hoje com um quarto (27,6%) do déficit público que, agora, não é apenas crônico, mas também uma das principais fragilidades do país num contexto internacional desfavorável.
Foi por isso que FHC nomeou ontem o ex-deputado tucano José Abrão para a nova Secretaria de Assuntos Federativos. Ou seja, para fazer a ponte entre Planalto e Estados.
Os parlamentares (votando medidas amargas) e os governadores (convivendo com a penúria) podem ser os melhores aliados do ajuste e do governo. Ou os piores adversários.



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