São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Prioridade para os reféns

AO CONTRÁRIO do que sugeriu o presidente Hugo Chávez, a morte de Raúl Reyes, o número 2 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), não deve ser pranteada. O rebelde e seus companheiros alvejados pelo Exército colombiano no sábado assumiram o risco de morrer violentamente pelo tipo de vida que escolheram -assassinaram, seqüestraram e desafiaram o poder legítimo da Colômbia por décadas.
O problema é que o seu desaparecimento dificulta a libertação dos reféns em poder das Farc. Raúl Reyes era o integrante da guerrilha que vinha negociando a soltura dos cativos com autoridades de diversos países, como a França, a Venezuela e o Equador.
É importante, assim, que as instâncias políticas e diplomáticas que tentarão mediar um entendimento entre Bogotá e Quito não descurem da situação dos reféns. Decerto a tarefa imediata, agora, é evitar a escalada retórica e militar que poderia levar, na hipótese extrema, a um conflito. Mas a questão dos seqüestrados -cujo número estimado ultrapassa 700- é não só um dos ingredientes da crise como também um problema humanitário que cobra solução própria.
Há urgência. Relatos dos últimos libertos dão conta de que é periclitante a saúde de muitos prisioneiros, em especial da franco-colombiana Ingrid Betancourt, a ex-candidata à Presidência em poder dos narcoguerrilheiros desde o início de 2002.
Infelizmente, existem razões para recear que o empenho do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, na libertação dos cativos seja limitado. Vai só até o ponto em que não frustra o seu objetivo maior, que é o de derrotar militarmente as Farc.
Álvaro Uribe é o legítimo representante dos colombianos e o único autorizado a tomar decisões em nome do país -todas as negociações que envolvam reféns precisam passar pelo crivo de Bogotá. É necessário, no entanto, que o presidente colombiano se convença de que a questão dos seqüestrados merece máxima prioridade.


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