|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prioridade para os reféns
AO CONTRÁRIO do que sugeriu o presidente Hugo
Chávez, a morte de Raúl
Reyes, o número 2 das Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), não deve ser pranteada. O rebelde e seus companheiros alvejados pelo Exército
colombiano no sábado assumiram o risco de morrer violentamente pelo tipo de vida que escolheram -assassinaram, seqüestraram e desafiaram o poder legítimo da Colômbia por décadas.
O problema é que o seu desaparecimento dificulta a libertação dos reféns em poder das
Farc. Raúl Reyes era o integrante
da guerrilha que vinha negociando a soltura dos cativos com autoridades de diversos países, como a França, a Venezuela e o
Equador.
É importante, assim, que as
instâncias políticas e diplomáticas que tentarão mediar um entendimento entre Bogotá e Quito não descurem da situação dos
reféns. Decerto a tarefa imediata, agora, é evitar a escalada retórica e militar que poderia levar,
na hipótese extrema, a um conflito. Mas a questão dos seqüestrados -cujo número estimado
ultrapassa 700- é não só um dos
ingredientes da crise como também um problema humanitário
que cobra solução própria.
Há urgência. Relatos dos últimos libertos dão conta de que é
periclitante a saúde de muitos
prisioneiros, em especial da
franco-colombiana Ingrid Betancourt, a ex-candidata à Presidência em poder dos narcoguerrilheiros desde o início de 2002.
Infelizmente, existem razões
para recear que o empenho do
presidente da Colômbia, Álvaro
Uribe, na libertação dos cativos
seja limitado. Vai só até o ponto
em que não frustra o seu objetivo
maior, que é o de derrotar militarmente as Farc.
Álvaro Uribe é o legítimo representante dos colombianos e o
único autorizado a tomar decisões em nome do país -todas as
negociações que envolvam reféns precisam passar pelo crivo
de Bogotá. É necessário, no entanto, que o presidente colombiano se convença de que a questão dos seqüestrados merece
máxima prioridade.
Texto Anterior: Editoriais: As armas do Fed Próximo Texto: Madri - Clóvis Rossi: Um silêncio nada inocente Índice
|