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A imagem da caatinga
A CAATINGA é o mais desprezado dos biomas brasileiros, devido à imagem de
ambiente seco, pobre e sem vida.
Não tem a exuberância da Amazônia, nem a importância do cerrado para o agronegócio. Não está ameaçada como a mata atlântica, nem pode rivalizar com a
fauna do Pantanal.
Trata-se, porém, do único bioma que só existe no Brasil. A
"mata branca" do idioma tupi,
alusão ao ressecamento na longa
estiagem, já ocupou um décimo
do território nacional. Abriga
ainda 510 espécies de aves e 148
de mamíferos, muito deles exclusivos do semiárido.
Entre 2002 e 2008 desapareceram 16.576 km2 de caatinga,
área que equivale ao triplo do
Distrito Federal. Quase a metade do bioma já foi destruída, em
geral pelo mais arcaico dos usos
de recursos naturais: extração de
energia na forma de lenha.
Tais dados vieram à luz porque
o governo federal finalmente pôs
em operação um sistema para
monitorar o desmatamento por
satélite. O mesmo já se fazia na
Amazônia (17% devastados), na
mata atlântica (93%) e, agora,
também no cerrado (48%).
O monitoramento ajuda a
diagnosticar as ameaças à caatinga -sem ter o poder de afastá-las. É o bioma mais vulnerável
ao aquecimento global, que traz
o risco de aridez definitiva. Estão ali 62% das áreas sob ameaça
de desertificação no Brasil, que
já causa prejuízo anual de US$ 5
bilhões ao país. Não se trata, assim, de preservar a caatinga só
por suas belas espécies.
Declarar a região patrimônio
natural ou lançar um Plano Caatinga são atos louváveis, mas
têm, porém, efeito tão efêmero
quanto ações isoladas contra indústrias cerâmicas, de gesso e siderúrgicas que consomem a lenha ilegalmente extraída.
É preciso avançar na criação
de unidades de conservação. Só
7% do bioma estão protegidos,
contra 20% da Amazônia.
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