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A CLASSE MÉDIA DIMINUI
Com base em informações dos
Censos de 1980 e 2000, foi lançado o "Atlas da Exclusão Social - Os
Ricos no Brasil", um estudo que fornece novos elementos a respeito da
evolução da distribuição de renda no
país nas duas últimas décadas. A rotineira perversidade que emerge desse tipo de análise permanece intacta:
a riqueza no Brasil continua extremamente mal distribuída.
A novidade é que o "Atlas da Exclusão" mostra um aumento do número de ricos no topo da pirâmide e
uma elevação da quantidade de pobres na base. Segundo o economista
Marcio Pochmann, secretário do
Trabalho da Prefeitura de São Paulo,
responsável pela coordenação do estudo, uma das conclusões é que
ocorreu um "esvaziamento" da classe média. Em outras pesquisas conduzidas pelo economista, detectou-se que a renda desses segmentos intermediários caiu 17% de 1992 a 2001.
A observação é compatível com a
tendência de queda do rendimento
do trabalho assalariado no país, verificada nos últimos anos. Do ponto
de vista econômico, essa realidade
está associada à baixa demanda interna e ao fraco desempenho dos setores produtivos mais dependentes
do consumo doméstico.
O estudo trata também de mapear
a distribuição geográfica da riqueza
no país. Confirma-se o que seria de
esperar: os mais ricos concentram-se no Sudeste, notadamente no Estado de São Paulo, o mais próspero da
Federação. No ranking das cem cidades que mais reúnem famílias ricas,
47 delas são paulistas.
Em relação às duas maiores capitais brasileiras, os sinais também são
de polarização: enquanto a participação de São Paulo no total das famílias
ricas do país aumentou (de 37,8%
para 58%), no caso do Rio, houve
queda (de 19,3% para 8,7%).
Levantamentos como esse são valiosos por contribuir para o melhor
entendimento da dinâmica socioeconômica do país. O "Atlas da Exclusão" traz elementos que deveriam estimular ainda mais a formulação de
políticas para combater as gritantes
distorções apresentadas.
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