São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Governo Lula
"Assisti ao filme "A Paixão de Cristo". Ele muito me deprimiu -pela violência, pela crueldade e pela astuta manipulação do povo e das autoridades por parte do clero ameaçado pela boa nova. E me impressionou pela atualidade. A humanidade pouco aprendeu em 2.000 anos. Há semelhanças marcantes entre aquela situação e o que ocorre no mundo e no Brasil hoje. Na Jerusalém de 2.000 anos atrás, Cristo representou a esperança de uma humanidade fraterna, sem as iniqüidades de governantes corruptos, mesquinhos e truculentos. O Brasil de hoje elegeu um governo que emergiu do povo e representa uma esperança de democracia e justiça social. Mas a escolha feita contrariou os interesses de muitos poderosos, que ainda estão inconformados com a situação e tratam de fazer com que tudo volte à ordem anterior. Não hesitam em se utilizar de todos os meios para convencer o povo de que o governo eleito não faz jus às expectativas ou às esperanças que o conduziram ao mando do país. Acusam-no de ser um governo incompetente, corrupto, sem rumo. É verdade que no governo de hoje há falhas, que precisam ser sanadas. O próprio Cristo não ficou imune ao sentimento de abandono e desespero durante seu calvário. Mas as falhas são inevitáveis, humanas e devem ser vencidas. Quando existem uma firme convicção e um ideal maior, eles são fortalecidos. Cristo venceu suas vacilações até se tornar um exemplo para a humanidade. O governo do Brasil também poderá vencer as suas até deixar que este país, tão rico por natureza e por ser uma forja de diferentes raças e culturas, se torne exemplo de justiça e democracia para o intolerante e violento mundo de hoje."
Mário Sérgio de Melo (Ponta Grossa, PR)

Banco Central
"O doutor Henrique Meirelles tem razão: estamos crescendo lenta, mas seguramente (Dinheiro, pág. B1 de ontem). Cresce a taxa de juros, cresce o desemprego, cresce a ociosidade das indústrias, cresce a carga tributária. De outro lado, cresce a incompetência e cresce a desesperança. E agora, doutor?"
Roberto Sidney Varrone (Paraguaçu Paulista, SP)

Educação
"É revoltante ler que o Ministério da Educação gastará R$ 60 milhões para mais uma avaliação que só constatará o óbvio: o ensino público está muito ruim (Cotidiano, pág. C4 de 2 de abril). Por que não gastar esse dinheiro em equipamentos para as escolas, como computadores e livros? Pesquisas só deveriam ser feitas depois de equipar as escolas dignamente e valorizar os professores. Seria ótimo também que o governo do PT parasse com políticas de marketing eleitoral, como a distribuição de uniformes e mochilas -só no papel, ainda-, e investisse no essencial, livros, já que em computadores seria pedir muito."
Joel Batista Barbosa Filho (São Paulo, SP)

Ministério Público
"Na avenida paralela à rua onde moro, há um pequeno monumento em homenagem ao promotor de Justiça de Minas Gerais Francisco José Lins do Rêgo Santos, cujo assassinato ocorreu em janeiro do ano passado, em Belo Horizonte, quando investigava casos de adulteração de combustível. É possível levantar outros exemplos do papel relevante que o Ministério Público tem desempenhado na sociedade brasileira, enfrentando as questões de lavagem de dinheiro e crime organizado, bem como o sistema de financiamento dos partidos políticos. Daí minha total concordância com o enfoque do editorial da Folha de ontem (Opinião, página A2). A sociedade deve garantir proteção aos procuradores, de maneira que possam exercer sua função com rigor e que seu desempenho não seja baseado apenas no destemor pessoal."
Leovi Antonio Pinto Carisio (Belo Horizonte, MG)

Câmaras Municipais
"Já que o Tribunal Superior Eleitoral finalmente acordou e definiu regras para quantificar o número de vereadores das Câmaras Municipais, por que não disciplinar os critérios para os salários e as verbas dos senhores parlamentares? No governo só se fala em falta de recursos financeiros, mas não se vê nenhuma iniciativa para reduzir gastos com os senhores parlamentares e com as viagens do senhor presidente e seus apaniguados."
Wilson Nascentes Queiroz (Sorocaba, SP)

Iraque
"De tempos em tempos, acho salutar que os leitores sejam trazidos à realidade. Portanto, de modo distinto da leitora Ana Carolina Pereira de Carvalho ("Painel do Leitor" de 2 de abril), achei louvável a atitude da Folha de mostrar as fotos das atrocidades cometidas com os americanos no Iraque (imagine se fizéssemos o mesmo com campanhas antidrogas, mostrando viciados em estágio terminal). A foto também alerta sobre o caráter dessa minoria assassina de iraquianos, para a qual não basta matar, mas se deve matar de modo exemplar. São recalcados, que serão suprimidos pela democracia que se estabelecerá no país."
Anselmo Heidrich (São Paulo, SP)

Fumo e cerveja
"Muito interessante o texto de Drauzio Varella publicado anteontem (Ilustrada, página E18). Gostaria de ver algo semelhante sobre outro grande causador de graves problemas, que é a cerveja, cuja propaganda nos meios de comunicação de todo o país é mais agressiva a cada dia. O tratamento dado ao fumo deveria ser aplicado também a ela. Não defendo a indústria do fumo; não sou fumante, muito menos apreciador de cerveja. Só acho que deveriam ser usados o mesmo peso e a mesma medida para os dois."
Gladston Cardoso (Uberlândia, MG)

Nassif
"Comovente o artigo de Luís Nassif de ontem (Dinheiro, página B3), "O anjo da Eça de Queirós". O jornalista, mostrando seu lado humano, revela a todos nós que a solidariedade ainda é o melhor remédio para enfrentarmos as dificuldades e as surpresas que a vida nos reserva. O povo brasileiro é solidário. Certamente, na cidade de São Paulo e no Brasil existem milhares de Juracys."
André Luiz Ferreira Cunha (Amparo, SP)

O tamanho da notícia
"Na página C4 (Cotidiano) de 30 de março, a Folha dedicou mais de 50% do espaço à descrição banal de um crime contra um empresário e sua mulher. Na mesma página, o espaço dado ao caso de um mecânico que já confessou 20 mortes foi de apenas um nono da página. Por fim, é dado um espaço pífio (1/18) a uma grave denúncia de seis titulares do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente: a prefeitura "não reconhece a democracia participativa" e "não trata a criança como prioridade". Espero que essa distribuição de notícias tenha sido um lapso isolado e que a Folha, que prima pela qualidade, não se torne um jornal sensacionalista."
Ridlaw Achor (São Paulo, SP)

"Sex and the City" paulistano
"É muito triste saber que continuam existindo pessoas com o pensamento de Maria Célia Cury (Cotidiano, pág. C8 de ontem): "Eu quero que esses caras morram (...). Eu não tenho medo de nada. Eu tenho carro blindado. Se vierem em cima de mim, eu contrato 50 mil seguranças (...). Sou a favor da pena de morte". É por pensamentos assim que o país caminha para o caos social. A preocupação com os outros é nula. É salve-se quem puder, mas, um dia, ninguém se salvará. Os R$ 6.000 que Maria Célia pagou por uma "blusa" não servirão mais para isolá-la da violência. E poderia ser diferente."
Waldir Lisboa Rocha Filho (São Paulo, SP)


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