|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DE TIRANO A RÉU
O mundo será um lugar mais
justo depois que Charles Taylor for julgado e condenado por seus
crimes. Entre 1989 e 2003, o ex-presidente da Libéria fomentou vários
conflitos no oeste da África. O número de mortos nas guerras em que ele
se envolveu é estimado em 500 mil.
Muitos foram assassinados com notória crueldade.
Em seu regime de terror, Taylor
apoiava bandos de rebeldes nos vizinhos Serra Leoa e Costa do Marfim.
Tais grupos se celebrizaram por decepar com facões braços e pernas de
suas vítimas, incluindo milhares de
crianças. Em troca de seu auxílio, o
ditador liberiano recebia diamantes
dos rebeldes, com os quais financiava sua própria guerra doméstica.
Taylor responde agora por alguns
de seus delitos no tribunal para crimes de guerra em Serra Leoa, que
tem a participação da ONU. As 11
acusações que pesam contra ele incluem crimes de guerra, crimes contra a humanidade, assassinatos, violência física e sexual, recrutamento
de crianças, escravidão e saques.
Por razões de segurança -ele ainda possui vários aliados na região-,
governos do oeste da África defendem a transferência do julgamento
de Taylor para a Holanda. Faz sentido. Não convém subestimar o potencial desestabilizador da simples presença do antigo senhor da guerra.
A captura e o julgamento de Taylor
são por certo uma boa notícia. Mas
só ocorrem devido a uma feliz -e rara- confluência de interesses. Desde 2003, o ex-ditador vivia sem ser incomodado na cidade de Calabar, na
Nigéria. Só perdeu o direito a seu exílio dourado porque o presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, foi
pressionado por Washington para
entregar o tirano. E o mandatário nigeriano não quer descontentar a Casa Branca. Pode precisar do apoio
norte-americano para tentar seu terceiro mandato presidencial.
Texto Anterior: Editoriais: FRAUDE ESCOLAR Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: 13 milhões no buraco negro Índice
|