|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Itamar Franco
BRASÍLIA - Um grupo razoável de líderes locais do PMDB lançou o nome
de Itamar Franco como pré-candidato da sigla ao Palácio do Planalto.
Pode parecer loucura, talvez seja
mesmo, dada a polarização quase inquebrantável que PT e PSDB vem
mantendo no nível nacional.
Também pesa contra o lançamento
de Itamar o fato de a verticalização
estar em vigor. O PMDB disputa, para valer, pelo menos 15 governos estaduais. Todos querem liberdade para
fazer alianças heterodoxas.
O próprio Itamar já é gato escaldado. Quis ser candidato pelo PMDB
em 1998. Foi humilhado pela direção
partidária. Agora, aos 75 anos, só entra numa empreitada dessas na hipótese -muito improvável- de consenso em torno do seu nome.
Os peemedebistas pró-Itamar conhecem esses óbices, mas acham vital
colocar o nome do ex-presidente na
roda enquanto esperam o desfecho
da atual crise política.
Consideram não ser impossível que
Lula acabe se saindo muito mal do
mensalãogate, caseirogate e outros.
Passará a campanha inteira sendo
cobrado por desvios éticos e morais
de petistas no seu governo.
Do outro lado do muro, o tucano
Geraldo Alckmin também começa a
ser mais bem compreendido ao sair
de sua hibernação paulista. Traficâncias com publicidade da Nossa
Caixa e vestidos chiques da mulher
são só o aperitivo do que virá.
Se o mar de lama avança, abre-se
um vácuo na sucessão presidencial.
Em maio ou junho, seria tarde para
oferecer uma opção de um partido do
establishment, a não ser Anthony
Garotinho -que não agrada a ninguém de relevância no PMDB.
Por fim, Itamar Franco é um político de sorte. Rompeu com Collor na
hora certa. Veio o impeachment. Pegou o Brasil no chão. Fez o Plano
Real. Recebe críticas por idéias exóticas (ressuscitou o Fusca), mas nada
falam dele sobre corrupção.
Essa "operação Itamar" tem quase
tudo para dar errado. Mas sempre foi
assim com o político mineiro. No final, muitas vezes deu certo.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: 13 milhões no buraco negro Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A colméia e a abelha Índice
|