São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Itamar Franco

BRASÍLIA - Um grupo razoável de líderes locais do PMDB lançou o nome de Itamar Franco como pré-candidato da sigla ao Palácio do Planalto. Pode parecer loucura, talvez seja mesmo, dada a polarização quase inquebrantável que PT e PSDB vem mantendo no nível nacional.
Também pesa contra o lançamento de Itamar o fato de a verticalização estar em vigor. O PMDB disputa, para valer, pelo menos 15 governos estaduais. Todos querem liberdade para fazer alianças heterodoxas.
O próprio Itamar já é gato escaldado. Quis ser candidato pelo PMDB em 1998. Foi humilhado pela direção partidária. Agora, aos 75 anos, só entra numa empreitada dessas na hipótese -muito improvável- de consenso em torno do seu nome.
Os peemedebistas pró-Itamar conhecem esses óbices, mas acham vital colocar o nome do ex-presidente na roda enquanto esperam o desfecho da atual crise política.
Consideram não ser impossível que Lula acabe se saindo muito mal do mensalãogate, caseirogate e outros. Passará a campanha inteira sendo cobrado por desvios éticos e morais de petistas no seu governo.
Do outro lado do muro, o tucano Geraldo Alckmin também começa a ser mais bem compreendido ao sair de sua hibernação paulista. Traficâncias com publicidade da Nossa Caixa e vestidos chiques da mulher são só o aperitivo do que virá.
Se o mar de lama avança, abre-se um vácuo na sucessão presidencial. Em maio ou junho, seria tarde para oferecer uma opção de um partido do establishment, a não ser Anthony Garotinho -que não agrada a ninguém de relevância no PMDB.
Por fim, Itamar Franco é um político de sorte. Rompeu com Collor na hora certa. Veio o impeachment. Pegou o Brasil no chão. Fez o Plano Real. Recebe críticas por idéias exóticas (ressuscitou o Fusca), mas nada falam dele sobre corrupção.
Essa "operação Itamar" tem quase tudo para dar errado. Mas sempre foi assim com o político mineiro. No final, muitas vezes deu certo.

@ - frodriguesbsb@uol.com.br


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