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ELIANE CANTANHÊDE
Pôquer
BRASÍLIA - Todos avaliam as próprias forças, enquanto blefam com
os adversários. Os líderes dos controladores alardeiam que não estão
nem aí para os seus empregos e para os IPMs (inquéritos policiais militares). O Planalto e a Aeronáutica
juram que têm um "plano B" para a
hipótese de nova greve. Há controvérsias nos dois casos, porém.
No dos controladores, o mapeamento do motim de sexta-feira
mostra: a minoria que estava de
plantão foi quem parou, e a maioria
dos que estavam de folga preza
muito, sim, seus empregos. Até porque eles sabem que, condenados,
não só estarão sujeitos a penas de 4
a 8 anos de prisão como não poderão jamais ter outro emprego público, a não ser com anistia.
No caso do Planalto e da Aeronáutica: nem mesmo as cúpulas das
Forças Armadas têm certeza de que
o "plano B" é consistente e capaz de
manter os aviões voando, porque
tudo depende do número de controladores que vierem a aderir a
uma nova greve. O mapeamento da
Aeronáutica é com base em hipóteses, não em pesquisa direta nem em
ação objetiva.
Ou seja: a questão, além de política e grave, está num estágio de avaliação quase aritmético. Se os controladores militares conseguirem a
adesão de 10%, o tal plano do governo tem boas chances de funcionar,
com "prejuízo dos usuários, mas
não o caos do dia 30", como dizem
oficiais da Aeronáutica. Mas, caso a
adesão chegue a 30% ou 40%, não
haverá contingente suficiente para
cobrir a lacuna, mesmo com os da
reserva e os de defesa militar.
Se os dois lados não sabem e estão num jogo de pôquer, com seus
trunfos, ciladas e blefes, imagine se
você vai saber? Não, não vai. Nós e
eles todos só vamos realmente saber quando, e se, estourar o novo
apagão. Até lá, boa Páscoa e boa viagem! Sem ironia.
Só faltava o ACM na base aliada
do Lula. Não falta mais.
elianec@uol.com.br
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