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CARLOS HEITOR CONY
Fiéis e infiéis
RIO DE JANEIRO - A fidelidade
partidária parece que desta vez emplaca. Está sendo saudada como a
panacéia para acabar com um dos
males da política nacional, o troca-troca de partidos de acordo com os
interesses pessoais de cada eleito.
Os mandatos não mais seriam patrimônio pessoal dos deputados, senadores e vereadores, mas do partido. Quem não se sentisse confortável em determinada legenda, perderia a representação, dando vaga a
um suplente da mesma agremiação.
Em tese, nada mais justo e democrático. O problema é que, apesar da
pulverização das siglas, não dispomos realmente de partidos, embora
todos eles tenham programas -que
ninguém lê e que dificilmente são
seguidos pelos seus membros. O PT
seria uma exceção, pelo menos tentou ser uma exceção até bem pouco
tempo. Seu fundador, o atual presidente da República, é o primeiro a
violentar as mais importantes cláusulas do programa.
O antigo Partido Comunista Brasileiro também tinha um programa
que era obedecido pelos seus membros. O mesmo acontecia com a finada Ação Integralista Brasileira.
Ambos eram programáticos: votava-se primeiro na legenda, depois é
que se pensava nos candidatos (nos
tempos do integralismo, não havia
eleição, mas, se houvesse, os militantes saberiam em que estavam
votando).
Devolver os mandatos ao partido
seria o ideal na prática política e
eleitoral, mas a realidade é que, no
Brasil, ninguém vota em partido.
Vota em candidatos que, por isso ou
aquilo, empolgam o eleitorado.
No momento, não me lembro a
que partido pertence o deputado
Clodovil. Teve excelente votação
pessoal, os que nele votaram se lixaram para o partido que o abrigou.
Digamos que Clodovil decida mudar de partido e perca o mandato.
Como ficarão os eleitores que nele
votaram?
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