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ELIANE CANTANHÊDE
O futuro do Samuel
DUBAI - Começaram as apostas
sobre o destino do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães a partir
do mês de outubro, quando completa 70 anos e deverá, ou deveria,
se aposentar.
Todo-poderoso secretário-geral
do Itamaraty, Samuel é bacharel
pela Faculdade Nacional de Direito
do Rio, mestre em economia pela
Universidade de Boston e ex-professor da UnB, da UFRJ e da UERJ.
Com tantos títulos, só virou secretário-geral depois de um jeitinho.
Faltava-lhe um requisito funcional:
ele nunca havia sido (como continua sem ser) embaixador em país
nenhum.
Para a mão se amoldar à luva, foi
editada MP abrindo o cargo para
"ministros de primeira classe" em
geral (embaixadores com ou sem
embaixadas), retirando a exigência
de que alguma vez tivessem apresentado credenciais no exterior.
Agora, a melhor aposta é que um
novo jeitinho está em gestação: um
parecer da Consultoria Jurídica
simplesmente dizendo que o cargo
é de "ministros de primeira classe",
agora sem especificar se têm de ser
da ativa ou podem ser aposentados.
Casado com uma americana, Samuel liderou o enterro da Alca e é o
símbolo do antiamericanismo da
atual gestão do Itamaraty -algo
que ele, evidentemente, nega. Mas
não nega e até se orgulha de ser o
símbolo da política externa "de esquerda", de ser o petista número
um entre os diplomatas e de frequentar os palanques eleitorais de
Lula em 2006.
Enquanto Celso Amorim se digladia na OMC e faz o trabalho de
campo para Lula brilhar com suas
teses "de improviso", Samuel é uma
espécie de técnico que cuida da casa, dos diplomatas, dos funcionários. Mas, enterrada a Alca, a luta
continua. Nas horas vagas, é o fiel
escudeiro do assessor internacional
Marco Aurélio Garcia, em infindáveis idas e vindas à Argentina.
Aliás, essa é uma outra aposta:
Buenos Aires. Seria uma forma de
não encerrar a carreira como embaixador sem embaixada.
elianec@uol.com.br
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