|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Papagaio de pirata
RIO DE JANEIRO - No início,
pensei que se tratasse da manifestação de um legítimo papagaio de
pirata, esses caras que se penduram
ao lado ou atrás de personalidades
focadas pelas câmeras. Há especialistas nessa complicada arte: conheci um sujeito que andava com
uma alça de caixão no bolso. Quando ia ao enterro de ricos e famosos,
ele se aproximava do ataúde, tirava
a alça do bolso e colocava na madeira, geralmente são seis a carregar o
falecido. Com ele, havia sete. Aparecia em todos os jornais.
A foto oficial do G20 em Londres
mostra Lula ao lado da rainha da
Inglaterra, famosa por seus olhos
azuis, bem mais azuis que os do
Frank Sinatra. Pensei na afobação
da hora, Lula aproveitando-se da
confusão e sentando-se no lugar
mais privilegiado. Ledo e ivo engano. O lugar fora marcado pelo protocolo do palácio real: um triunfo
para nossas cores.
Em crônicas anteriores notei que
o nosso presidente faz um bruto sucesso lá fora. Entre perdas e ganhos,
sai sempre ganhando. O mais interessante é que ele não precisa fazer
nada de especial, basta ser ele mesmo. Para ir de Paris a Londres, dispensou o avião e foi de trem pelo túnel sob o canal da Mancha.
Foi louvado com entusiasmo pela
imprensa europeia, evitou poluir o
meio ambiente com as turbinas do
Aerolula, uma contribuição ecológica ao ar que os franceses respiram. Conhecendo-o de campanhas
eleitorais do passado, posso garantir que ele viajou no TGV por curiosidade, para ver como era, sem
qualquer propósito ambiental.
Obama consagrou-o como líder
político mais popular do planeta. As
fotos testemunham o seu sucesso.
Será uma pena se ele não aproveitar a simpatia pessoal para ser
o presidente que todos ainda
esperamos.
Texto Anterior: Dubai - Eliane Cantanhêde: O futuro do Samuel Próximo Texto: Emílio Odebrecht: Sucessão de gerações Índice
|