São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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CARLOS HEITOR CONY

Papagaio de pirata

RIO DE JANEIRO - No início, pensei que se tratasse da manifestação de um legítimo papagaio de pirata, esses caras que se penduram ao lado ou atrás de personalidades focadas pelas câmeras. Há especialistas nessa complicada arte: conheci um sujeito que andava com uma alça de caixão no bolso. Quando ia ao enterro de ricos e famosos, ele se aproximava do ataúde, tirava a alça do bolso e colocava na madeira, geralmente são seis a carregar o falecido. Com ele, havia sete. Aparecia em todos os jornais.
A foto oficial do G20 em Londres mostra Lula ao lado da rainha da Inglaterra, famosa por seus olhos azuis, bem mais azuis que os do Frank Sinatra. Pensei na afobação da hora, Lula aproveitando-se da confusão e sentando-se no lugar mais privilegiado. Ledo e ivo engano. O lugar fora marcado pelo protocolo do palácio real: um triunfo para nossas cores.
Em crônicas anteriores notei que o nosso presidente faz um bruto sucesso lá fora. Entre perdas e ganhos, sai sempre ganhando. O mais interessante é que ele não precisa fazer nada de especial, basta ser ele mesmo. Para ir de Paris a Londres, dispensou o avião e foi de trem pelo túnel sob o canal da Mancha.
Foi louvado com entusiasmo pela imprensa europeia, evitou poluir o meio ambiente com as turbinas do Aerolula, uma contribuição ecológica ao ar que os franceses respiram. Conhecendo-o de campanhas eleitorais do passado, posso garantir que ele viajou no TGV por curiosidade, para ver como era, sem qualquer propósito ambiental.
Obama consagrou-o como líder político mais popular do planeta. As fotos testemunham o seu sucesso.
Será uma pena se ele não aproveitar a simpatia pessoal para ser o presidente que todos ainda esperamos.


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