|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EMÍLIO ODEBRECHT
Sucessão de gerações
UM FENÔMENO dos novos
tempos é o processo de sucessão nas empresas, que se
está dando cada vez mais cedo, paradoxalmente em um tempo em
que a vida está se tornando cada
vez mais longa.
Dessa constatação, chegamos a
outras duas: a primeira é que a renovação é condição para o crescimento e base para o futuro de qualquer empreendimento; a segunda
é que o ciclo sucessório não pode
ser visto como momento definido.
Na verdade, deve ocupar todos
os momentos, pois nunca para: tão
logo uma geração ocupa uma posição na geografia da companhia, deve começar o seu planejamento para ocupar nova posição e preparar
a geração seguinte para substituí-la, de modo que a renovação e a
inovação permanentes estejam
asseguradas.
Nesse sentido, é fundamental
que nas empresas já maduras convivam sempre três gerações.
A terceira é aquela formada pelos jovens que estão na primeira
idade da vida produtiva, em busca
de realização profissional, material
e pessoal.
Esta fase é de mais aprender do
que produzir. É o período de consolidação das qualificações adquiridas, mediante um processo de
ajuste entre o que foi ensinado e
aprendido na escola e o cotidiano
do trabalho. Neste momento da vida, deve ser dada ao jovem a oportunidade de aplicar os conhecimentos que traz, mas a concentração deve ser no desenvolvimento
da sua capacidade de servir, de discernir, de tomar decisões e de se
autoavaliar.
A segunda geração inclui as pessoas que acumularam experiências, dominam o conhecimento
aplicado e estão na plenitude da capacidade de produzir e gerar resultados em seus negócios ou nas organizações em que trabalham.
Esta é uma etapa especial da vida, porque permite a interação dos
maduros com os jovens -que precisam ser educados- e com a primeira geração, que chegou à terceira idade, momento de fruição do
que se construiu ao longo dos anos.
Mas a terceira idade não deve ser
apenas o momento da aposentadoria -deve ser também o momento
da retribuição, quando os que lá
chegaram podem transmitir aos
jovens e à geração que os antecede
os conhecimentos acumulados durante carreira, os aprendizados recolhidos vida afora e os exemplos
que ensinam a envelhecer de forma digna e produtiva.
Esse convívio intergeracional
alimenta na empresa um ciclo sadio e autossustentável, análogo ao
ciclo da vida. Por isso não deve ser
inibido.
Ao contrário, deve ser estimulado, porque o futuro de uma organização empresarial está diretamente vinculado ao compromisso que
cada geração assume de formar a
geração que a sucederá.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Papagaio de pirata Próximo Texto: Frases
Índice
|