São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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EMÍLIO ODEBRECHT

Sucessão de gerações

UM FENÔMENO dos novos tempos é o processo de sucessão nas empresas, que se está dando cada vez mais cedo, paradoxalmente em um tempo em que a vida está se tornando cada vez mais longa.
Dessa constatação, chegamos a outras duas: a primeira é que a renovação é condição para o crescimento e base para o futuro de qualquer empreendimento; a segunda é que o ciclo sucessório não pode ser visto como momento definido.
Na verdade, deve ocupar todos os momentos, pois nunca para: tão logo uma geração ocupa uma posição na geografia da companhia, deve começar o seu planejamento para ocupar nova posição e preparar a geração seguinte para substituí-la, de modo que a renovação e a inovação permanentes estejam asseguradas.
Nesse sentido, é fundamental que nas empresas já maduras convivam sempre três gerações. A terceira é aquela formada pelos jovens que estão na primeira idade da vida produtiva, em busca de realização profissional, material e pessoal.
Esta fase é de mais aprender do que produzir. É o período de consolidação das qualificações adquiridas, mediante um processo de ajuste entre o que foi ensinado e aprendido na escola e o cotidiano do trabalho. Neste momento da vida, deve ser dada ao jovem a oportunidade de aplicar os conhecimentos que traz, mas a concentração deve ser no desenvolvimento da sua capacidade de servir, de discernir, de tomar decisões e de se autoavaliar.
A segunda geração inclui as pessoas que acumularam experiências, dominam o conhecimento aplicado e estão na plenitude da capacidade de produzir e gerar resultados em seus negócios ou nas organizações em que trabalham. Esta é uma etapa especial da vida, porque permite a interação dos maduros com os jovens -que precisam ser educados- e com a primeira geração, que chegou à terceira idade, momento de fruição do que se construiu ao longo dos anos.
Mas a terceira idade não deve ser apenas o momento da aposentadoria -deve ser também o momento da retribuição, quando os que lá chegaram podem transmitir aos jovens e à geração que os antecede os conhecimentos acumulados durante carreira, os aprendizados recolhidos vida afora e os exemplos que ensinam a envelhecer de forma digna e produtiva.
Esse convívio intergeracional alimenta na empresa um ciclo sadio e autossustentável, análogo ao ciclo da vida. Por isso não deve ser inibido.
Ao contrário, deve ser estimulado, porque o futuro de uma organização empresarial está diretamente vinculado ao compromisso que cada geração assume de formar a geração que a sucederá.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.


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