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RUY CASTRO
O último rugido
RIO DE JANEIRO - A MGM, lembra-se? Metro-Goldwyn-Mayer.
Aquela cujos filmes eram anunciados por um leão. Filmes com Greta
Garbo, Jean Harlow, Clark Gable,
Joan Crawford, Spencer Tracy,
Mickey Rooney, Judy Garland, Gene Kelly, Lana Turner, Frank Sinatra, Ava Gardner, Elizabeth Taylor.
Todos deuses.
De 1924 a 1954, foi uma das instituições mais poderosas do mundo.
Basta dizer que, dos 60 milhões de
americanos que iam ao cinema nesse período -por semana-, a MGM
respondia por quase metade. Louis
B. Mayer, chefe do estúdio, era mais
importante que o governador da
Califórnia. E Gable, mais popular
que o presidente Roosevelt.
Em 1950, ninguém imaginaria
que, um dia, duas potências daquele
tempo iriam acabar: a URSS e a
MGM. Mas foi o que aconteceu. A
URSS se desmanchou em 1990, depois da queda do Muro de Berlim; já
a MGM começou a morrer nos próprios anos 50, quando uma lei antitruste nos EUA obrigou os estúdios
a vender suas cadeias de cinemas,
privando-os de exibir o pouco que
agora tinham passado a produzir.
Para completar, veio a televisão e
segurou as pessoas em casa. A partir daí, a sigla MGM converteu-se
numa marca para abrigar produções alheias.
Nesses quase 60 anos, a MGM foi
vendida várias vezes, por inteiro ou
aos pedaços. Suas lindas ruas cenográficas viraram estacionamento;
as cartolas de Fred Astaire foram
leiloadas; o lote de filmes, retalhado
entre a United, a Warner e a Turner. O auge da humilhação foi
quando um de seus compradores
reduziu o ex-grande estúdio a subsidiário de um hotel em Las Vegas.
E nem assim as dívidas cessaram.
Em maio próximo, a MGM terá
de pagar US$ 3,7 bilhões a seus credores para não fechar de vez. Confirmando o meu amigo Baiano, que
assim definiu o pobre leão: "Dois
rugidos. O resto é fita".
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