São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VALDO CRUZ

Segurança, até quando?

BRASÍLIA - Bom, com certeza, não chega a ser. Mas que tem gente no governo Fernando Henrique Cardoso gostando da onda deflagrada por bancos estrangeiros rebaixando a recomendação em investimentos no Brasil, lá isso tem.
Afinal, os bancos estão colando na imagem de Luiz Inácio Lula da Silva após sua subida nas pesquisas eleitorais, a origem das turbulências na economia nos últimos dias.
Por tabela, ressuscitam o discurso segurança versus risco na economia -tão usado na reeleição de FHC em 98. O que, dizem, pode novamente favorecer o candidato oficial.
Enquanto isso, comemoram os governistas de plantão, fica em segundo plano a responsabilidade da equipe de FHC pela mudança no humor dos bancos estrangeiros. Para alguns, loucos para dar um empurrão na candidatura Serra, ela nem existe.
Mas existe e já mostra sua cara. Apesar de o governo insistir em que tudo vai muito bem, o cenário econômico se deteriorou. A inflação não cedeu, os juros pararam de cair, as exportações estão em declínio e a economia não vai crescer o que a equipe econômica sonhava.
Como consolo, os amigos de FHC e de Serra sacam rápido o velho argumento: na pior das hipóteses, o cenário econômico ruim associado ao fantasma Lula vai mesmo ajudar o candidato governista, o da continuidade sem continuísmo.
Mas há quem acredite que, desta vez, essa associação pode não ser tão automática assim na cabeça do eleitor. Em 98, ele optou por FHC em nome da tal segurança contra o risco Lula. Mas o que recebeu de volta? Desemprego elevado, renda em queda, crescimento econômico acanhado.
Desolado, o eleitor pode preferir correr riscos. Serra, analista privilegiado, sabe disso. Já está procurando mostrar que, com ele, será diferente. A dúvida é saber em quem o eleitor vai confiar. No governista que tenta parecer oposição, ou no petista que busca ser mais confiável.


Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O verdadeiro risco Brasil
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: No meio do caminho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.