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SEM ALARMISMO
As evidências de que a economia norte-americana se recupera têm ocasionado crescente movimentação nos mercados financeiros.
Desde janeiro, aumentaram as expectativas de que o Federal Reserve, o
banco central dos EUA, fosse determinar uma elevação da taxa de juros
de curto prazo ainda neste primeiro
semestre. Naquele mês, o comunicado emitido pelo comitê de política
monetária do Fed não mais trouxe a
expressão "tempo indefinido" ao se
referir à manutenção da taxa de juros, fixada em 1%.
Desde então, a economia global,
notadamente a de países emergentes, como o Brasil, passou a conviver
com especulações em torno dos efeitos das decisões de Alan Greenspan.
Os baixos juros nos EUA contribuíram para gerar alta liqüidez internacional e aumentar os fluxos de capitais em busca de ativos de maior rendimento -e de maior risco-, como
são os papéis brasileiros. A esperada
troca de sinal na política do Fed reverte esse processo. Em abril, os
emergentes registraram fuga recorde
de investimentos. Anteontem, à véspera de nova reunião das autoridades
monetárias norte-americanas, o nervosismo voltou aos mercados. O risco-país brasileiro subiu 5,7%.
Mais uma vez, porém, o Fed agiu
com cautela, procurando dar tempo
para que os investidores possam ir
antecipando seus ajustes e mudando
suas posições sem graves sobressaltos. Alguns analistas crêem que os
mercados tendem a exagerar as conseqüências da mudança na política
monetária norte-americana. De fato,
não parece haver motivo para alarmismo. Os principais problemas da
economia brasileira continuam sendo o alto endividamento e a baixa capacidade de crescimento.
Está claro, porém, que a fase, um
tanto ilusória, de disponibilidade de
capitais chega ao fim. E deve-se reconhecer que não foram aproveitadas a
contento todas as oportunidades que
se ofereceram no passado recente
para reduzir a vulnerabilidade externa e estimular a atividade econômica
brasileira. O governo até aqui cortou
os juros menos do que o possível e
acumulou reservas internacionais
aquém do desejável.
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