São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

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ASSALTO A QUARTÉIS

Um depósito de armamentos da Aeronáutica, localizado no Rio de Janeiro, foi atacado por uma quadrilha na segunda-feira, tendo rendido aos marginais 22 fuzis e uma pistola. Esse tipo de ação não é inédito, tampouco raro. Em agosto do ano passado, o Parque de Material Bélico, da mesma Aeronáutica, já fora invadido por bandidos, que levaram 11 fuzis e cinco pistolas. Mais recentemente, em março, foram furtadas dez submetralhadoras de uma unidade da Marinha, também situada na capital fluminense.
Ao mesmo tempo em que quartéis são assaltados, vão se tornando rotineiras as descobertas de armas pesadas, de uso militar, em posse de traficantes. Não apenas fuzis e metralhadoras integram esse verdadeiro arsenal fora-da-lei, mas até mesmo bazucas, granadas e minas terrestres. O comando do Exército assegurou recentemente que as Forças Armadas usam critérios "rígidos" para guardar seus armamentos. A realidade, no entanto, tem demonstrado que eles nem sempre são suficientemente rigorosos a ponto de conter essas investidas audaciosas do crime.
Entre os diversos aspectos considerados quando se discute a participação de tropas militares no combate ao narcotráfico ou no policiamento de áreas críticas, um diz respeito aos riscos de que elos mais fracos da corporação possam sucumbir a pressões corruptoras. A ameaça é real e exige redobrada atenção dos comandos, mesmo porque há fortes indícios de que elementos internos possam estar colaborando com essas ações ou desviando armamentos para mãos indevidas.
É de esperar que as Forças Armadas tratem realmente com rigor da guarda de seu material bélico, uma vez que dispõem de recursos humanos e de equipamentos para fazê-lo. Caso contrário, a instituição acabará por expor sua imagem e sua credibilidade a arranhões que devem -e podem- ser evitados.


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