São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Vinculação
"O ministro José Dirceu defende a desvinculação entre o salário mínimo e os benefícios da Previdência. Concordo com a posição dele. As pensões e aposentadorias dos nossos idosos deveriam ser vinculadas não ao mínimo, mas aos aumentos de energia, de água, de telefone, de gás e, principalmente, aos aumentos dos planos médicos. O que existe de idoso neste país perdendo tudo o que pagou durante toda uma vida por não conseguir acompanhar os aumentos dos planos médicos não é brincadeira. Mas o melhor mesmo seria o ministro levar para o INSS as assessorias financeiras de certas entidades públicas que conseguem se aposentar com salário integral. Por que não terceirizar esse valioso know-how?"
Hermínio Silva Júnior (São Paulo, SP)

Mínimo
"Duas observações sobre o artigo de Abram Szajman publicado ontem ("O troco da miséria", pág. A3). A primeira é referente à afirmação de que o percentual de trabalhadores que recebe até um salário mínimo caiu de 70% em 1960 para 14% hoje. Na verdade, isso não é uma vitória dos trabalhadores, pois o salário mínimo real foi dividido por quase cinco. A segunda refere-se à sua proposta de desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo. Inacreditavelmente, Lula já fez essa desvinculação ao adotar o artifício de aumentar o salário-família e manter o salário mínimo na miséria (não compra nem cinco pingados com pão e manteiga por dia!). Ao fazer isso, aliás, Lula, em vez de chorar, deveria virar a mesa e assumir de fato o combate à miséria no Brasil, mandando às favas as elites gosmentas -as nossas e as de além-mar."
José Pascoal Vaz (Santos, SP)

Visita
"Injusta a abordagem dada por este prestigioso diário à recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à central de recebimento de embalagens de agrotóxicos da Coplana, em Guariba ("Presidente viaja para criar 4 empregos", Brasil, pág. A4, 30/4). Muito mais do que celebrar a geração de empregos, a visita reconheceu uma iniciativa exemplar de proteção ambiental que vem sendo desenvolvida pela cooperativa há dez anos, atualmente em parceria com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev). As cooperativas, aliás, também vêm desempenhando um papel fundamental nesse processo em que o Brasil é exemplo para o mundo. E não só na lei, mas também porque hoje, acompanhando o crescimento da produção agropecuária, recolhemos 50% das embalagens utilizadas -os EUA recolhem 25%. Portanto a presença do presidente demonstra visão de estadista, preocupado em divulgar e em estimular ações concretas que preservem o ambiente e a saúde dos brasileiros. Em tempo: o filme que o presidente solicitou que fosse divulgado nada tem a ver com a Coplana. É um filme educativo de um minuto realizado pelo Inpev."
Evaristo Machado Netto, presidente da Organização de Cooperativas do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Terras
"Diferentemente do que foi noticiado na reportagem "MST invade prédios públicos em São Paulo" (Brasil, 28/4), nenhum dos escritórios do Itesp no Estado foi invadido. As manifestações ocorreram em frente aos prédios da instituição. Apenas em Presidente Prudente o Itesp permitiu que os manifestantes ficassem no pátio do escritório, o que não impediu que os funcionários trabalhassem normalmente. Essas ações tiveram caráter eminentemente político e expressam o descontentamento do MST com o fato de o governo do Estado não se curvar diante de pressões ilegítimas, como a invasão de propriedades privadas. O Estado, o único da Federação a destinar terras públicas à reforma agrária, mantém seu cronograma de assentamentos, aguardando apenas o julgamento de ações discriminatórias propostas pelo Itesp para que possa arrecadar terras no Pontal. Também continuamos a realizar as vistorias que possibilitam a identificação de terras improdutivas, cabendo ao governo federal desapropriá-las. Em São Paulo, reforma agrária se faz dentro da legalidade e pacificamente."
Alexandre de Moraes, secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Racismo
"Os senhores presidente e secretário-geral da Conib, em carta publicada ontem, dizem-se chocados pelo "fato de a Folha, ciente da repercussão e da importância de sua seção "Tendências/Debates", abrir espaço de tamanho destaque para um criminoso, condenado de forma definitiva por nossa Corte Suprema". Ora, que esperavam esses senhores? Que a Folha abdicasse de sua função democrático-republicana de garantir o direito do leitor de expressar-se livremente? Além disso, desde quando a condenação judicial expressa a verdade absoluta? Por que esses senhores, em vez de simplesmente desqualificarem o autor, não tentam refutar argumentativamente a tese do autor, segundo a qual o sionismo, e não o judaísmo, é uma forma de racismo?"
Edson Dognaldo Gil (São Paulo, SP)

Carandiru
"Excelente a reportagem que juntou Paulo Sacramento e Drauzio Varella para tratar das misérias, das tragédias e da vida dos presos no Carandiru ("Carandiru das letras olha para o da telona", Ilustrada, 2/5). O documentário de Sacramento, "O Prisioneiro da Grade de Ferro", filmado pelos próprios presos, é sensacional e dá uma verdadeira aula de sensibilidade e realismo."
Renato Khair (São Paulo, SP)

64
"Estamos assistindo a um festival de eventos sobre o movimento de 64. Quem consultar o dicionário "Aurélio" poderá verificar que "revolução" significa, entre outras coisas, "renovação política, moral ou social". Foi isso o que aconteceu no período de Castelo Branco, que, com Bulhões e Roberto Campos, preparou o país para o robusto crescimento da economia no período seguinte. Está vivo, lúcido e atuante o professor Delfim Netto para demonstrar isso. Lamentavelmente, isso vem sendo omitido -e fica o destaque para políticos medíocres, que, derrotados em 64, posteriormente levaram o crescimento a zero. Seja por que motivo for, os derrotados de 64 ganharam a batalha mais importante, a da comunicação."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)


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