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COM DINHEIRO DOS OUTROS
Em uma ação demagógica, o Senado aprovou projeto de lei que
obriga todas as universidades particulares do país a conceder bolsas a
15% de seus alunos. Pela proposta,
de autoria do senador Paulo Paim
(PT-RS), os 5% dos estudantes com
menor renda terão 80% de desconto
nas mensalidades; para os demais
10%, a redução é de 50%. Os alunos
beneficiados não poderão possuir
renda familiar per capita superior a
um salário mínimo e meio (hoje, R$
525). O projeto segue para a Câmara.
O que os senadores estão fazendo é
oferecer regalias a um grupo de potenciais eleitores com um dinheiro
que não é deles.
A sugestão de Paim para as universidades é que promovam "um pequeno aumento" nas mensalidades,
de modo a absorver o impacto da demagogia. Aí se vê quão sem sentido é
a proposta. Uma instituição poderá
até dizer que fará muito mais do que
o previsto no projeto, que vai estender o desconto de 80% a todos os alunos. Para tanto, bastará elevar o valor
nominal da mensalidades na proporção correspondente. A letra da lei
é atendida e tudo fica como está.
Já passa da hora de parlamentares e
políticos em geral se darem conta de
que "mágicas legislativas" na educação estão fadadas ao fracasso. Não
são apenas mensalidades elevadas
que impedem um aluno pobre de
freqüentar os melhores cursos universitários. Obstáculos até mais formidáveis são o pouco tempo que a
pessoa obrigada a trabalhar tem para
dedicar-se aos estudos e, principalmente, as deficiências de formação.
A única forma eficaz de promover a
inclusão social e, por conseguinte,
colocar pobres nas boas universidades é criando um ensino fundamental e médio público de qualidade.
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