São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2006

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O TIME DA IMPUNIDADE

A Câmara dos Deputados está prestes a formar o time de futebol dos absolvidos do mensalão. A equipe da impunidade ficará completa com a escalação, certa, de Vadão Gomes. O pepista de São Paulo foi inocentado anteontem pelo Conselho de Ética; no mesmo dia, o plenário safou da cassação o 10º parlamentar: Josias Gomes (PT-BA).
Como todo escrete precisa de reservas no banco, a crônica especializada aguarda o destino do último dos acusados, José Janene (PP-PR), que, alegando contusão, não tem atuado.
Os deputados Josias e Vadão eram acusados de ter recebido, respectivamente, R$ 100 mil e R$ 3,7 milhões ilegais. Absolvido o primeiro, tudo sugere que o caso do mensalão terá desfecho semelhante ao do escândalo do Orçamento (1993-4). À época, 18 deputados foram acusados de montar quadrilha para assaltar o erário; somente 6 foram cassados. Agora, dos 19 acusados de envolvimento no mensalão, apenas 3, no máximo 5 parlamentares, devem ser punidos.
Esse quadro tende a perdurar enquanto não for abolido o voto secreto no Congresso. Há defensores desse instituto argumentando que ele é essencial para garantir a independência dos parlamentares. Mas os congressistas já possuem diversas garantias que visam a proteger o exercício de suas funções. É o caso da imunidade e do foro privilegiado.
Ante a absolvição de um time inteiro de mensaleiros, não estranha que a proposta do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), acabando com o voto secreto não tenha nem sequer entrado na pauta da Casa. O anonimato integra o estilo de jogo corporativista que tem prevalecido no Congresso para a decepção dos cidadãos, meros espectadores.


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