|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O TIME DA IMPUNIDADE
A Câmara dos Deputados está
prestes a formar o time de futebol dos absolvidos do mensalão. A
equipe da impunidade ficará completa com a escalação, certa, de Vadão Gomes. O pepista de São Paulo
foi inocentado anteontem pelo Conselho de Ética; no mesmo dia, o plenário safou da cassação o 10º parlamentar: Josias Gomes (PT-BA).
Como todo escrete precisa de reservas no banco, a crônica especializada
aguarda o destino do último dos acusados, José Janene (PP-PR), que, alegando contusão, não tem atuado.
Os deputados Josias e Vadão eram
acusados de ter recebido, respectivamente, R$ 100 mil e R$ 3,7 milhões
ilegais. Absolvido o primeiro, tudo
sugere que o caso do mensalão terá
desfecho semelhante ao do escândalo do Orçamento (1993-4). À época,
18 deputados foram acusados de
montar quadrilha para assaltar o erário; somente 6 foram cassados. Agora, dos 19 acusados de envolvimento
no mensalão, apenas 3, no máximo 5
parlamentares, devem ser punidos.
Esse quadro tende a perdurar enquanto não for abolido o voto secreto
no Congresso. Há defensores desse
instituto argumentando que ele é essencial para garantir a independência dos parlamentares. Mas os congressistas já possuem diversas garantias que visam a proteger o exercício de suas funções. É o caso da imunidade e do foro privilegiado.
Ante a absolvição de um time inteiro de mensaleiros, não estranha que
a proposta do presidente da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), acabando
com o voto secreto não tenha nem
sequer entrado na pauta da Casa. O
anonimato integra o estilo de jogo
corporativista que tem prevalecido
no Congresso para a decepção dos
cidadãos, meros espectadores.
Texto Anterior: Editoriais: HORA DE DESPERTAR Próximo Texto: Editoriais: COM DINHEIRO DOS OUTROS Índice
|