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Editoriais
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Pontos para a USP
São positivas, ainda que pontuais, as mudanças no vestibular
da Universidade de São Paulo
(USP). Previstas para valer já no
próximo exame, atendem à necessidade de ampliar o grau de exigência para o ingresso na universidade, ao mesmo tempo em que
flexibilizam e racionalizam o processo de seleção.
Eleva-se, assim, a nota mínima
exigida para que o candidato passe à segunda fase. Das 90 questões, era necessário acertar apenas 22 na primeira fase; o limite
passa a 27. Vale dizer que esse mínimo só tem efeito nos casos dos
cursos menos procurados; nas
carreiras valorizadas, somente
com pontuações bem mais altas o
vestibulando consegue ser admitido na segunda etapa.
Valoriza-se, de todo modo, a obtenção de melhores resultados na
primeira fase. No mesmo sentido,
a nota alcançada nesse teste volta
a contribuir para a média final do
candidato. Diminui, por sua vez, o
número de candidatos por vaga
na segunda fase. Antes fixado na
proporção de três para um, passa
a variar conforme o curso.
Em resumo, carreiras menos
disputadas tenderão a ter vagas
preenchidas por candidatos com
melhor formação geral (avaliada
na primeira fase), diminuindo a
importância relativa de suas habilidades específicas (sobre as quais
se concentra a segunda fase).
A questão que persiste, naturalmente, é saber o que se entende
por "formação geral" -se a soma
total de conhecimentos muitas vezes específicos demais em física,
biologia ou geografia, adquiridos
de forma massacrante durante a
preparação para o exame, ou a capacidade de transitar sem empecilhos básicos pelas áreas que compõem o patrimônio cultural e científico da humanidade.
Outra modificação digna de nota é a que permite ao aluno refazer
sua opção de carreira, caso sobrem vagas em determinado curso, mas só depois de publicada a
terceira convocação dos aprovados. Procura-se, com isso, atenuar
o problema, já comentado neste
espaço, da existência de vagas
ociosas em algumas das faculdades da USP.
A melhor notícia é a confirmação de que valerá, já no próximo
ano, a concessão de um bônus de
15%, na nota da primeira fase, para os alunos formados em escolas
públicas. O mecanismo, que tem
dado bons resultados, contribui
para que, antes privilégio de poucos, o acesso a essa instituição se
democratize mais, ao mesmo tempo em que se intensificam, por outras vias, os padrões de exigência
que sempre a caracterizaram.
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