São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009

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CLÓVIS ROSSI

Ao encontro do cadáver

PARIS - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou ontem em Paris para um fim de semana de descanso ao lado da família, antes de seguir para a Itália, para participar da cúpula do G8+G5 (este ano com o acréscimo do Egito, convidado dos italianos).
Vai estar, portanto, ao lado de um cadáver, o do G8, a julgar pelo laudo emitido por seu chanceler, Celso Amorim, de resto compartilhado, com palavras mais amenas, pelos governos dos Estados Unidos e da Alemanha.
Ambos consideram que o G20, o clubão das maiores economias do planeta, é o foro adequado para tratar dos problemas econômico-financeiros do mundo. Lula, que vem dizendo a mesmíssima coisa faz tempo, não escondeu a satisfação, no desembarque em Paris.
Primeiro, menosprezou o G8: "Se eles quiserem continuar se reunindo, que continuem". Depois afagou o G20: "Agora, para discutir a questão econômico-financeira do mundo, o G20 é o foro ideal".
Fica mais fácil entender a satisfação do presidente quando se faz a memória dos dois encontros anteriores do G8+G5. Na Alemanha, em 2007, houve até um incidente diplomático, porque o G8 se reuniu antes, emitiu um comunicado final que parecia englobar a posição também dos emergentes convidados (Brasil, Índia, China, México e África do Sul).
Em 2008, no Japão, houve de novo uma reunião prévia do G8 antes de receber o G5, mas cada um teve direito a seu próprio comunicado final. Depois, o Brasil, pela palavra do ministro Guido Mantega, disse que não participaria mais se fosse apenas "para tomar um cafezinho", já que a refeição principal era só entre os sete países mais ricos do mundo e a Rússia.
Agora, na Itália, com ou sem cafezinho, Lula já sabe que o G8 murchou e que o almoço e o jantar só serão mesmo servidos nos Estados Unidos, no G20 de setembro.

crossi@uol.com.br


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