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CLÓVIS ROSSI
Ao encontro do cadáver
PARIS - O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva desembarcou ontem
em Paris para um fim de semana de
descanso ao lado da família, antes
de seguir para a Itália, para participar da cúpula do G8+G5 (este ano
com o acréscimo do Egito, convidado dos italianos).
Vai estar, portanto, ao lado de um
cadáver, o do G8, a julgar pelo laudo
emitido por seu chanceler, Celso
Amorim, de resto compartilhado,
com palavras mais amenas, pelos
governos dos Estados Unidos e da
Alemanha.
Ambos consideram que o G20, o
clubão das maiores economias do
planeta, é o foro adequado para tratar dos problemas econômico-financeiros do mundo. Lula, que vem
dizendo a mesmíssima coisa faz
tempo, não escondeu a satisfação,
no desembarque em Paris.
Primeiro, menosprezou o G8: "Se
eles quiserem continuar se reunindo, que continuem". Depois afagou
o G20: "Agora, para discutir a questão econômico-financeira do mundo, o G20 é o foro ideal".
Fica mais fácil entender a satisfação do presidente quando se faz a
memória dos dois encontros anteriores do G8+G5. Na Alemanha, em
2007, houve até um incidente diplomático, porque o G8 se reuniu
antes, emitiu um comunicado final
que parecia englobar a posição também dos emergentes convidados
(Brasil, Índia, China, México e África do Sul).
Em 2008, no Japão, houve de novo uma reunião prévia do G8 antes
de receber o G5, mas cada um teve
direito a seu próprio comunicado
final. Depois, o Brasil, pela palavra
do ministro Guido Mantega, disse
que não participaria mais se fosse
apenas "para tomar um cafezinho",
já que a refeição principal era só entre os sete países mais ricos do
mundo e a Rússia.
Agora, na Itália, com ou sem cafezinho, Lula já sabe que o G8 murchou e que o almoço e o jantar só serão mesmo servidos nos Estados
Unidos, no G20 de setembro.
crossi@uol.com.br
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