|
Próximo Texto | Índice
PRESSÃO NOS PREÇOS
As cotações do petróleo voltaram a subir nos mercados internacionais depois de o presidente
da Opep ter declarado que os países
produtores filiados à entidade, responsável por mais de 40% da produção mundial, estariam próximos do
limite de sua capacidade produtiva.
Cotado a US$ 32,52 no início de janeiro, o preço do barril negociado
em Nova York chegou, na terça-feira,
a US$ 44,24. Nesse cenário, vai-se
mostrando inevitável uma nova elevação dos preços dos combustíveis
no Brasil. De acordo com a consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), o valor do óleo diesel estaria defasado em cerca de 15%, e o
da gasolina, em 20%.
A Petrobras, que promoveu um
reajuste em junho, reluta em corrigir
os combustíveis, dizendo-se à espera
da consolidação do novo patamar de
preços. De fato não faz sentido, num
momento de volatilidade, que a empresa acompanhe cada passo do vaivém das cotações. A relutância, no
entanto, alimenta suspeitas de que a
estatal esteja sendo influenciada por
motivações políticas, uma vez que
um novo reajuste prejudicaria os interesses petistas nas eleições que se
avizinham. De fato, esperar que os
preços se estabilizem pode ser uma
conveniente maneira de aguardar,
com um argumento técnico à mão,
que as eleições se definam.
Do ponto de vista das repercussões
econômicas internas, a alta do petróleo deve representar uma intensificação das pressões inflacionárias, num
quadro em que se acentuam as dificuldades de o Banco Central cumprir
a meta de inflação fixada para 2005
-de 4,5%, com margem de 2,5 pontos percentuais. Todos os sinais, até
aqui, são de que o "choque de oferta"
ocorrido no primeiro semestre, em
razão dos aumentos do petróleo e de
outras commodities, muito dificilmente será revertido ou compensado
pela queda de outros preços.
É preciso encarar essa situação
com realismo e tomar as decisões
acertadas, que devem preservar -e
não abortar, com novos aumentos
da taxa de juros- a retomada do
crescimento da economia.
Próximo Texto: Editoriais: EXPLICAÇÕES DEVIDAS Índice
|