São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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EXPLICAÇÕES DEVIDAS

As acusações veiculadas em reportagens sobre supostas irregularidades fiscais cometidas pelos presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb, devem ser tratadas com transparência e submetidas aos princípios republicanos. São denúncias que exigem esclarecimentos inequívocos. Trata-se, afinal, de duas autoridades públicas em postos de grande relevância na condução da economia brasileira.
Nesse sentido, é criticável a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de considerar o caso como simples "futrica" e procurar circunscrever as explicações dos funcionários a uma conversa a portas fechadas, tentando postergar o comparecimento de ambos ao Congresso para fornecer esclarecimentos. Com essa atitude, o presidente parece inclinado a apostar na tática de deixar o tempo passar e "esfriar" o assunto.
É verdade que em ano eleitoral governantes e suas equipes estão mais expostos ao uso político de denúncias, muitas vezes infundadas. Mesmo assim, é preciso reconhecer que, se a proximidade dos pleitos fornece oportunidades de manipulação eleitoreira de episódios como esses, ela também aguça naturalmente a preocupação da sociedade com a lisura de seus governantes e autoridades. A despeito do interesse político, por vezes presente em denúncias levadas a público, não é possível negar a legitimidade da preocupação com a idoneidade dos homens públicos.
Para rebater acusações como as que são feitas contra os presidentes do BC e do Banco do Brasil, não basta atribuir a elas a pecha de "denuncismo". Esses episódios requerem que o governo federal esteja disponível a fornecer prontamente esclarecimentos à população -algo que o PT sempre cobrou dos governos a que fazia oposição. O comparecimento ao Senado propiciaria a Meirelles e a Casseb a oportunidade de exercer seu direito de defesa e de demonstrar, como alegam, que as referidas denúncias não têm fundamento.


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