São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004 |
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ELIANE CANTANHÊDE Futricas
BRASÍLIA - O que Zé Dirceu fez, Antonio Palocci agora tem de desfazer.
E a duríssimas penas.
Foi a Casa Civil que centralizou as
escolhas a dedo dos petistas que compõem vice-presidências, diretorias,
gerências e presidências da Previ, da
Cassi, da Fundação BB. Que aparelhou o BB, enfim.
Mas, quando os efeitos começam a
aparecer em financiamentos mal-explicados de shows para angariar fundos ostensivamente para o PT, quem
tem de apagar o incêndio é o ministro da Fazenda.
Na semana passada, que tinha tudo para ser uma das mais tranqüilas
do ano, Lula estava na África, Dirceu, em Cuba, e o coordenador político, Aldo Rebelo, na China. O mundo
desabou. E quem definiu a estratégia
de segurar Henrique Meirelles no
Banco Central e Cássio Casseb no
Banco do Brasil foi Palocci.
Os dois são "homens de mercado",
atuaram durante muitos anos como
executivos pagos a peso de ouro em
instituições financeiras até internacionais e suspeitos de sonegação fiscal. Segundo a revista "Isto É", Casseb tem contas em paraísos fiscais
(obviamente não declaradas).
Palocci, porém, reagiu como o frio e
pragmático político que se revelou sobretudo no comando da política econômica. Convenceu Lula e Dirceu de
que, dos males, o menor. Ou seja, é
melhor segurar o tranco das denúncias e deixar a poeira baixar do que
ver o BC e o BB caindo como castelos
de cartas.
Entre o "constrangimento" de conviver com as denúncias e o "escândalo" político que seria a queda dos dois
presidentes, o governo preferiu ficar
com o primeiro.
Há dois temores: que ninguém explique nada convincentemente e que
novas contas, fatos, histórias continuem surgindo no noticiário. Cadáveres insepultos são de assombrar
qualquer governo. |
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