São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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PAINEL DO LEITOR

BC e BB
"Com o perdão dado pelo presidente Lula aos presidentes do BC, Henrique Meirelles, e do BB, Cássio Casseb, sinto-me no direito de sonegar informações da minha declaração de Imposto de Renda para a Receita Federal. Caso o governo venha me acusar de sonegador, irei defender-me com o mesmo argumento usado por aqueles que se consideram éticos e donos da verdade: direi que se trata de denuncismo por parte do governo, que tenta me desestabilizar justamente quando estou começando a tirar a corda do pescoço. Aconselho os ilustres companheiros do governo PT a consultarem o dicionário "Aurélio" para aprenderem o real significado da palavra ética, pois, do jeito que nossos políticos a usam, vão transformá-la numa palavra vulgar."
Grima Grimaldi (São Paulo, SP)

 

"Nós, trabalhadores, descontados que somos todos os meses no hollerith, não temos quem nos defenda dos atrasos na devolução do Imposto de Renda, que, a cada ano que passa, aumentam cada vez mais -isso quando não põem na malha fina pessoas que só têm uma conta bancária, ou seja, a conta do salário. Se fôssemos um Meirelles, um Casseb ou um Candiota, certamente teríamos à nossa disposição a melhor banca advocatícia do país, nada menos que Marcio Thomaz Bastos e o próprio presidente da República. Mas, como não temos nada disso, ficamos na fila de espera, pois, em matéria de contrato, só os banqueiros merecem o respeito de nossa protodemocracia."
Sueli Loschiavo da Silva (São Paulo, SP)

PT e PFL
"A propósito da reportagem "PT promove acordo com PFL do Rio" (Brasil, pág. A8, 4/8), temos o dever de esclarecer o seguinte: 1 - Ao longo de sua trajetória, o Partido dos Trabalhadores sempre se caracterizou por sua oposição às políticas praticadas pelo PFL, de conseqüências tão nefastas para o povo brasileiro; 2 - Essa divergência é particularmente visível na cidade do Rio de Janeiro, há 12 anos governada por um grupo liderado pelo prefeito Cesar Maia, que se caracteriza pelo autoritarismo e pela ausência de sensibilidade social; 3 - Foi exatamente para mudar essa situação que o PT lançou a candidatura do deputado Jorge Bittar à prefeitura -para dar à cidade uma administração com uma visão social totalmente diferente da do prefeito do PFL; 4 - Bittar tem reiteradamente manifestado que sua campanha será propositiva, de apresentação de programas e novas idéias, sem descer a acusações pessoais ou agressões verbais. Não existe nenhuma possibilidade de acordo com o PFL -visto que seria o mesmo que tentar misturar azeite com água."
José Genoino, presidente do Diretório Nacional do PT, e Gilberto Palmares, presidente do Diretório Estadual do PT-RJ (Brasília, DF)

Indenização
"Ao ler a reportagem "Empresa pagará R$ 1,3 mi por trabalho escravo no PA" (Brasil, 3/8), constatei certas expressões que, mal compreendidas, podem levar a equívocos de interpretação, como a de que o MPT "retirou a ação...", ou a de que o prosseguimento do feito "podia resultar no pagamento de um valor maior". Gostaria de passar, portanto, os seguintes esclarecimentos: 1. O Ministério Público não "retirou" a ação civil pública, o que teria sentido de "desistência" ou de "renúncia" quanto às obrigações de fazer ou de não fazer, o que, como é sabido, é um direito indisponível. Houve, na verdade, uma conciliação judicial, na qual se inseriu no termo de acordo, além daquelas postuladas inicialmente, outras obrigações no campo da medicina e da segurança do trabalho somados aos direitos sociais e trabalhistas previstos na Constituição, na CLT e na Lei do Trabalho Rural (lei nº 5.889/ 73), tudo sob pena de multa de R$ 5.000 por trabalhador encontrado em situação irregular e de R$ 10 mil por inobservância de obrigação genérica; 2. Quanto à obrigação de pagamento, antes de mais nada, esclareça-se que uma eventual sentença judicial poderia resultar numa fixação de valor maior, como diz a nota, mas também poderia ser menor, o que nela se omite."
Paulo Germano Costa de Arruda, procurador do Trabalho (Belém, PA)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Voto difícil
"O editorial "Reação tucana" (Opinião, pág. A2, 4/8) deveria ter como título "Hipocrisia tucana". Quando foi que começou aquilo que o governador Geraldo Alckmin chama de "momento centralizador? Agora? Pergunto ao senhor Aécio Neves: quem começou a "mais perversa concentração de renda na União da história republicana'? Foi o governo Lula? Era exatamente dessa quebra do pacto federativo que tanto reclamava o ex-governador Itamar Franco. E, por isso, à época, foi chamado de louco pelos fernandistas -os mesmos que agora reclamam. Está difícil votar aqui no Brasil."
Ricardo Carvalho (Belo Horizonte, MG)

Democracia
"O artigo "Pela democracia", dos senhores Marcos Peixoto Mello Gonçalves e Roberto Romano ("Tendências/Debates", 4/8), dá-nos a clara visão do risco que a sociedade brasileira corre caso o Supremo Tribunal Federal julgue inconstitucionais os trabalhos de investigação a cargo do Ministério Público. São inúmeros os casos de investigação que tiveram êxito devido ao exemplar trabalho de defesa da sociedade que vem sendo promovido por essa eminente instituição."
André Ali Mere (Ribeirão Preto, SP)

Remédios e vício
"Gostaria de parabenizar a Folha pela publicação da reportagem "Remédios mudam tratamento de viciados" (Mundo, pág. A15, 4/8). É extremamente importante a pesquisa de remédios que auxiliem o tratamento das dependências químicas. Mais uma vez, devemos enaltecer a seriedade e a sabedoria do professor Sérgio Seibel no tratamento das questões que envolvem as drogas, sobretudo ao alertar para o fato de que não existem "mágicas" em relação ao tema. A dependência, como temos trabalhado no nosso curso de extensão universitária, é uma questão multifatorial que deve ser abordada enfocando os diferentes níveis de vulnerabilidade do usuário (individual, social e programática). Dessa forma, nunca nos devemos esquecer da importância dos trabalhos preventivos nas escolas de ensino fundamental desde a infância de nossas crianças."
Fernando Falabella Tavares de Lima, psicólogo do Ministério Público do Estado de São Paulo, psicanalista do Núcleo de Estudos e Temas em Psicologia, mestre em psicologia da educação pela PUC-SP (São Paulo, SP)

Obama
"Elio Gaspari, no texto "Bush achou que Obama era Osama" (Brasil, 1º/8), traz informações que deveriam estar na Primeira Página do jornal. Gaspari apresenta aos leitores a história de Barack Obama, futuro senador afro-americano, cuja ascensão social e política demostra que políticas de ações afirmativas são importantes para a conquista de direitos civis."
Elenice Oliveira Semini (São Paulo, SP)


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