São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI Pantomima eleitoral SÃO PAULO - Quando a TV mostra "caminhadas" de um candidato
"nanico" à Presidência, seja onde
for, o câmera é obrigado a fechar inteiramente o foco para ocupar todo
o quadro com o candidato e seus
acompanhantes próximos.
Sabe por quê? Porque não tem
ninguém, rigorosamente ninguém,
atrás, ao lado, em frente, enfim
acompanhando a, digamos, "caminhada". Haverá eventualmente algum curioso ou papagaio de pirata,
mas eleitor interessado no candidato tende a zero.
No entanto, a TV é obrigada a tratar candidatos sem a menor chance,
sem a menor expressão, sem a menor representatividade, como se
fossem reais aspirantes à Presidência (ou governo de algum Estado, no
caso dos pleitos estaduais, em que a
situação se repete).
Não é, ao que parece, culpa das
emissoras de TV, mas da legislação.
Consta que a Globo, por exemplo,
fez acordo com os "nanicos", pelo
qual lhes dá espaço no "Jornal Nacional" em troca da desistência de
participação nos debates.
Tem lógica. Debate com mais de
três não é debate, é circo. Já vimos
inúmeras sessões nos últimos muitos anos.
Mas a lógica acaba implicando no
seguinte: transforma-se o principal
telejornal do país em uma pantomima. Se fosse só isso, problema da
Globo que tem todos os recursos
para resolver situações como essa
sem meu inestimável auxílio.
O problema é que a própria eleição vira pantomima. Claro que democracia deve dar espaço para todo
o mundo, "nanicos" inclusive.
Mas há um limite além do qual vira palhaçada. O eleitor desinformado -e é uma massa considerável-
tenderá a crer que ser candidato é
uma farra, nada mais que isso. Talvez seja mesmo, a julgar pelo que fazem depois os eleitos.
Mas gente séria tratar a pantomima como se fosse coisa normal é
mais um dado da esculhambação
geral da República.
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