|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
O governo
e a CPMF
NO PRIMEIRO semestre de
2007, as receitas federais
bateram o recorde. Houve
um aumento de R$ 27 bilhões em
relação ao mesmo período de
2006. Foi um aumento de 13%, que
teve muito a ver com o aquecimento das atividades econômicas.
Tudo isso seria motivo de comemorar se as despesas do governo tivessem diminuído. Infelizmente,
os dados mostram que as despesas
do governo consumiram todo o aumento das receitas.
Ainda assim, poderíamos comemorar se tais despesas tivessem se
concentrado em investimentos em
infra-estrutura, educação, saúde,
segurança etc. Nada disso. Os investimentos nessas áreas consumiram apenas R$ 7 bilhões. O grosso
da receita adicional foi para gastos
correntes, especialmente, com os
salários do funcionalismo e com os
efeitos do aumento do salário mínimo no campo da Previdência Social e dos programas assistenciais.
O desempenho do governo em
matéria de arrecadar impostos merece aplauso. O desempenho para
investir nas áreas estratégicas merece uma nota sofrível.
Cristiano Romero, analista do
jornal "Valor", argumenta, com toda a razão, que o governo não precisa prorrogar a CPMF. Só o acréscimo registrado no primeiro semestre (R$ 27 bilhões) quase encostou no total arrecadado por
aquela contribuição -R$ 32 bilhões em 2006 ("Governo não precisa da CPMF", "Valor", 1º/8/ 07).
Mas o que se vê do lado do governo é uma nova manobra que pretende transformar a polêmica contribuição (que é exclusiva do governo federal) em um imposto (que
seria rateado com Estados). Trata-se de uma estratégia eminentemente política para atrair os governadores para a tese da prorrogação.
É nesse momento, porém, que
vamos ver quem tem sangue de estadista e quem tem sangue de
oportunista. O Brasil precisa crescer e, para tanto, necessita de um
Estado mais leve e mais eficiente.
Só dessa forma podemos pensar
numa estimulação decisiva dos investimentos produtivos em nosso
país e, portanto, em mais empregos
e mais renda.
Os problemas da infra-estrutura
dependem de recursos públicos e
também da facilitação de investimentos privados nos setores de
energia, portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e tantos outros. Da
mesma maneira, a melhoria do ensino, da educação e das condições
de segurança dependem basicamente de investimentos governamentais.
Em suma, dinheiro não está faltando para o governo. O que falta é
uma boa gestão do que é arrecadado. É hora de economizar gastos
correntes para reverter o excesso
de arrecadação em investimentos
de longo prazo.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Idéia e memória Próximo Texto: Frases
Índice
|