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VALDO CRUZ
Instinto de sobrevivência
BRASÍLIA - O desfecho ideal para
a oposição não ocorreu. José Sarney (PMDB-AP) não renunciou
nem pediu licença da presidência
do Senado. Resultado: a crise esquentou e pode levar a um clima em
que todos sairão perdendo. Alguns
antes, outros depois.
Se Sarney cai, o tucano Arthur
Virgílio vai em seguida. Se o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), assume o lugar do
peemedebista, vira alvo da tropa de
choque do PMDB.
Se os peemedebistas rebeldes
Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon
mantiverem o fogo cruzado contra
Sarney, não terão sossego por parte
dos governistas.
Poderia continuar com o roteiro
de vítimas, que inclui ainda democratas, descrito por governistas e
oposicionistas. Mas só vai cansar e
reforçar o clima de baixaria previsto por todos caso a crise se arraste
por mais tempo.
Aí, lembrava um amigo de Lula,
há o risco do nivelamento por baixo
no reino da podridão brasiliense.
Ambiente propício para o surgimento de um terceiro nome na disputa presidencial de 2010.
Nome não para tirar as chances
de vitória de Serra ou de Dilma, mas
com chances de atrair um grupo de
eleitores que podem dar a esse candidato o poder de decidir a eleição
no segundo turno.
Não por outro motivo preocupou
os governistas a ideia do lançamento da senadora Marina Silva (PT-AC) à Presidência pelo PV. Segundo
um petista, Marina tem, sim, chances de ser o fato novo da eleição.
Mulher, carismática, petista que
passou incólume pelo governo Lula
e com um discurso que pode aglutinar eleitores -o de defesa do meio
ambiente.
Bem, isso, por enquanto, é puro
exercício de futurologia. Já a crise
do Senado é fato presente, da qual
todos desejam se livrar. Só que atingiu uma temperatura que ninguém
sabe, até o momento, como esfriar.
O instinto de sobrevivência talvez
ajude.
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