|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Debater é preciso, mas...
BRASÍLIA - Hoje é um dia nervoso
para os candidatos à Presidência.
Debates ao vivo pela TV não elegem
ninguém, mas bem podem derrotar
alguém. Quem está na frente vai
pronto para simplesmente não errar. Quem está atrás tem que "criar
fatos novos" -expressão muito comum em política- na dose suficiente para avançar, mas sem
extrapolar.
Consta que José Serra, pelo passado de prefeito, governador, deputado e senador, tem mais cancha
e conteúdo, enquanto Dilma Rousseff, neófita nesse tipo de embate,
entra em desvantagem.
Mas Dilma tem maior número de
aliados, mais tempo na propaganda eleitoral gratuita, pilhas e pilhas
de informações e dicas que os ministros lhe passam. E Serra vai entrar no estúdio num momento em
que tudo parece dar errado na sua
campanha: desânimo, desmobilização, dúvidas quanto a Aécio, deserção de prefeitos no Nordeste, risco de perda do palanque no DF.
Isso pode dar mais moral a Dilma
e mais insegurança a Serra. O que
conta -e muito. Em TV, a forma supera o conteúdo.
A última contra Serra foi a informação de que sua campanha foi a
que menos arrecadou até julho: R$
3,7 milhões, contra R$ 11,6 milhões
para a de Dilma e de R$ 4,6 milhões
para a de Marina.
Pode ser por desorganização,
mas cria uma dúvida interessante:
o PT vive dizendo que Serra é "de
direita" e "candidato das elites",
mas os financiadores estão despejando mais dinheiro em Dilma?
A questão "direita" versus "esquerda" deve permear o debate de
hoje, mas subliminarmente. A
grande massa de eleitores não tem
a menor ideia do que se trata -se é
que se interessa por debates políticos. E o financiador de campanhas
não está nem aí. O que interessa
não é ideologia; é quem tem mais
chance de ganhar e garantir seus
lucros. Banqueiros, empresários e
PMDB, tudo a ver.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Debates. Ou a última chance Próximo Texto: Rio de Janeiro - Cristina Grillo: Torcida solidária Índice
|