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ELIANE CANTANHÊDE
Ponto para o governo
BRASÍLIA - Cumpriu-se a profecia do líder do PSB na Câmara, Eduardo
Campos (PE): a reforma tributária
foi, de fato, "a chance de quem votou
contra a Previdência e está doido para se recompor com o governo".
Campos saíra do Planalto às 3h30
da madrugada de quinta apostando
que os aliados (PT, PSB, PPS, PC do
B, PTB, PL, PV, parte do PDT e até o
confuso PMDB) dariam, no mínimo,
320 votos. Deram 335 dos 378. No
próprio PT, só houve três votos contra: de Babá, de João Fontes e de Luciana Genro, que já são quase ex-PT.
Os demais votos vieram da oposição depois que o Planalto baixou a
bola e resolveu jogar com os governadores. Aécio Neves, por exemplo,
mostrou a diferença entre amadores
e profissionais. Negociou primeiro,
radicalizou na hora certa, reabriu a
negociação e saiu satisfeito ao final,
com a bancada mineira bem amarrada a favor da proposta.
Com isso, o governo comemora
duas vitórias expressivas. A aprovação de duas reformas constitucionais
difíceis na Câmara já no primeiro
ano e a ratificação do discurso de que
"não impõe, negocia".
Na tributária, por exemplo, José
Dirceu e Palocci podem dizer que se
sentaram com governadores, prefeitos, parlamentares, empresários e até
centrais sindicais -que não têm nada a ver com a reforma, mas ajudam
a disseminar a idéia de um "governo
democrático", aberto a tudo e a todos
e preocupado com a "desoneração da
folha". Por isso, as centrais foram
chamadas de "confeito do bolo" por
um líder eufórico com a vitória.
Como resultado, o risco Brasil cai, o
dólar se mantém abaixo de R$ 3, Lula volta a falar de jabuticabas e já pode até remarcar a viagem à África, retomando o discurso de que essa é
uma "prioridade" do Brasil.
O PFL cantou o Hino Nacional na
madrugada do Congresso, mas a verdade é que o governo, os governadores, os prefeitos e os empresários é que estavam rindo de orelha a orelha ontem. A única dúvida é quem, quando
e como vai pagar a fatura.
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