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São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Ponto para o governo

BRASÍLIA - Cumpriu-se a profecia do líder do PSB na Câmara, Eduardo Campos (PE): a reforma tributária foi, de fato, "a chance de quem votou contra a Previdência e está doido para se recompor com o governo".
Campos saíra do Planalto às 3h30 da madrugada de quinta apostando que os aliados (PT, PSB, PPS, PC do B, PTB, PL, PV, parte do PDT e até o confuso PMDB) dariam, no mínimo, 320 votos. Deram 335 dos 378. No próprio PT, só houve três votos contra: de Babá, de João Fontes e de Luciana Genro, que já são quase ex-PT.
Os demais votos vieram da oposição depois que o Planalto baixou a bola e resolveu jogar com os governadores. Aécio Neves, por exemplo, mostrou a diferença entre amadores e profissionais. Negociou primeiro, radicalizou na hora certa, reabriu a negociação e saiu satisfeito ao final, com a bancada mineira bem amarrada a favor da proposta.
Com isso, o governo comemora duas vitórias expressivas. A aprovação de duas reformas constitucionais difíceis na Câmara já no primeiro ano e a ratificação do discurso de que "não impõe, negocia".
Na tributária, por exemplo, José Dirceu e Palocci podem dizer que se sentaram com governadores, prefeitos, parlamentares, empresários e até centrais sindicais -que não têm nada a ver com a reforma, mas ajudam a disseminar a idéia de um "governo democrático", aberto a tudo e a todos e preocupado com a "desoneração da folha". Por isso, as centrais foram chamadas de "confeito do bolo" por um líder eufórico com a vitória.
Como resultado, o risco Brasil cai, o dólar se mantém abaixo de R$ 3, Lula volta a falar de jabuticabas e já pode até remarcar a viagem à África, retomando o discurso de que essa é uma "prioridade" do Brasil.
O PFL cantou o Hino Nacional na madrugada do Congresso, mas a verdade é que o governo, os governadores, os prefeitos e os empresários é que estavam rindo de orelha a orelha ontem. A única dúvida é quem, quando e como vai pagar a fatura.


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