São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Peço seu voto

JOSÉ SERRA

Sou candidato a presidente da República porque tenho um compromisso com a esperança e a determinação de trabalhar por um Brasil no qual o progresso seja de todos. O progresso ou é de todos ou não é duradouro. Se o progresso for só para alguns, logo não será de ninguém.
A esperança move as pessoas e reclama delas não apenas a fé obstinada, mas também a vontade política e a ação realizadora. A vontade política, ao mesmo tempo em que cumpre os anseios da esperança, acrescenta-lhes novos e mais sedutores horizontes. A ação realizadora, competente e perseverante, é o que leva o país ao encontro desses horizontes ampliados.
A estabilidade da nossa moeda, um objetivo difícil, caro e precioso, tornou possível melhorar a vida dos brasileiros, combater a pobreza e aumentar as oportunidades de progresso. Agora, temos de ir mais longe, temos de avançar e, para isso, precisamos de esperança, de vontade política e ação realizadora.
Foi com essas palavras que comecei a minha campanha no início deste ano e estou certo de que mantive coerência com essas idéias fundamentais.
Um grande pensador americano afirma que os melhores homens públicos podem ser "profetas" ou "líderes". Ele chama de "profetas" aqueles que buscam incessantemente a verdade e lutam por ela, sem concessões, até o fim, mesmo ao preço da derrota. "Líderes" também buscam a verdade, mas são capazes de persuadir e conduzir as outras pessoas.
A democracia representativa pode não ser perfeita, mas, como dizia Churchill, não se concebeu até hoje um melhor regime político. Daqui a poucas horas, 115 milhões de brasileiros irão às urnas para indicar quem foi mais capaz de persuadi-los, por quem desejam ser conduzidos nos próximos anos.
O caminho que escolhi no trabalho de convencimento de meus compatriotas, através de um processo eleitoral talvez longo demais, mas sempre pacífico e com a mais ampla liberdade, foi a da incessante discussão dos principais problemas brasileiros e da minuciosa apresentação das minhas propostas de governo.
Muitos companheiros chegaram a contestar essa insistência em expor fatos e números, mas faz parte da minha verdade que a eleição deve ser o momento maior de reflexão individual e coletiva sobre como a nação deseja construir seu futuro. Não pode ser "um salto no escuro", como resumiu, recentemente, o presidente Fernando Henrique.


Argumentei e continuarei argumentando que capacidade, experiência e vontade política formam um tripé essencial


Paz, progresso econômico e social, estabilidade financeira, respeito internacional, prática efetiva das liberdades civis e instituições nacionais sólidas não são dádivas, são conquistas do povo e da democracia. Tenho certeza absoluta de que cada cidadão brasileiro, por mais humilde ou por mais afastado que se considere do processo político, pensará em todas as suas dúvidas, desejos, receios, esperanças e objetivos.
Procurei esmiuçar cada questão que hoje preocupa nossas famílias. Emprego, segurança, saúde, educação, para só mencionar as mais importantes dessas preocupações. E não só me empenhei em apresentar propostas realistas de enfrentamento de nossos problemas.
O eleitorado sabe perfeitamente que não basta identificar problemas, muitos deles com soluções já conhecidas e apontadas, mas ainda perdidas em projetos engavetados, paralisadas por discussões intermináveis ou simplesmente esquecidas pela burocracia.
Argumentei e continuarei argumentando que capacidade, experiência e vontade política formam um tripé essencial, não só para gerar soluções novas e criativas de nossos problemas, mas também para tirar do papel idéias já existentes.
As vitórias que tive como secretário de Estado em São Paulo, na Assembléia Constituinte, no Congresso, em dois ministérios e em organismos internacionais foram obtidas com essa visão. A idéia do salário-desemprego rolava desde a década de 40, o projeto dos genéricos, do deputado petista Eduardo Jorge, estava parado na Câmara. E creio ter demonstrado na Constituinte vontade política a serviço da verdade e da eficiência, como o deputado que apresentou maior proporção de emendas vitoriosas e criou o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Como afirmei no discurso inicial de minha campanha, apresento os trabalhos que fiz porque me orgulho deles, porque penso que me deram condições para disputar a Presidência do país. Dirigir o Brasil, neste momento delicado do mundo, é muito difícil. Exige, mais do que no passado, esperança, força de vontade, ação competente, obstinação. Exige amor à verdade e à razão.
Espero merecer o seu voto, leitor.


José Serra, 60, economista, é senador pelo PSDB-SP e candidato à Presidência da República pela coligação Grande Aliança (PSDB-PMDB). Foi deputado federal pelo PMDB-SP (1986-88) e pelo PSDB-SP (1988-94) e ministro do Planejamento e da Saúde (governo Fernando Henrique).



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