UOL




São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Educação
"A entrevista com Sérgio Ferreira ("Cientista vê "marketing vagabundo" do PT", Brasil, 28/9), ex-presidente da SBPC, reflete o sentimento que toma conta dos cientistas e dos intelectuais brasileiros diante das atitudes fechadas e intolerantes do ministro de Educação, que pensa resolver as questões da educação brasileira com fórmulas mágicas. Como professora de um programa de pós-graduação em educação, inverto o desafio do senhor ministro -que perguntou o que a universidade está fazendo pelo povo- e pergunto: o que o ministério está fazendo com a produção científica do país? Vale lembrar que concepções presentes na campanha de alfabetização -como "erradicar o analfabetismo'- são não apenas ingênuas mas reveladoras do desconhecimento em relação ao que se produziu no Brasil e no mundo em alfabetização nos últimos 40 anos. São expressões que foram usadas no início dos anos 60 e que caíram em desuso por superadas. Convém salientar que a própria concepção de que se resolve o problema do analfabetismo com campanha já foi largamente criticada em todos os cantos do mundo. E tanto a prática como a teoria demonstram que é uma estratégia sem resultados. O mais grave na resposta do senhor ministro ao cientista é classificar a crítica como reacionária e elitista."
Carmem Maria Craidy, professora titular da Faculdade de Educação da UFRGS (Porto Alegre, RS)

Além
"Li a reportagem "Médicos são obrigados a aprovar entrevistas" (Cotidiano, 29/9). Com todo o respeito devido ao CFM, não poderia me furtar de dar o meu testemunho contrário a essa resolução. Por mais de 20 anos, incluindo os cinco anos em que estive no CRM, não tive problema nenhum com os profissionais de imprensa em relação ao conteúdo dos textos publicados. Para evitar mal-entendidos, a regra é simples: ao perceber que o jornalista não está compreendendo bem o assunto, gasto mais tempo e simplifico ainda mais o assunto, sendo didático. Também não vejo como isso poderá funcionar em situações como entrevistas coletivas ou programas ao vivo. O CFM, salvo melhor juízo, foi além de suas atribuições."
Celio Levyman, mestre em neurologia pela Escola Paulista de Medicina-Unifesp, ex-diretor do Departamento Jurídico do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Vocação
"Lamentável a colocação da professora Maria de Lourdes Jorge no caderno "O Brasil do Século 20" (30/9), que disse que, "hoje, só decide ser professor quem não tem vocação para mais nada". Eu diria que, exatamente pelo fato de hoje o professor precisar ensinar muito mais do que conteúdo, só é educador quem realmente tem vocação e disposição para enfrentar o desafio de "preparar os estudantes para a vida"."
Rita de Cássia Seabra Santos, professora da rede municipal de ensino de São Paulo (São Paulo, SP)

Saúde
"O artigo do ex-deputado Eduardo Jorge ("O SUS é do Brasil", pág. A3, 1º/10) apenas reitera a posição séria e coerente que sempre marcou a sua vida pública. Que por meio de vetos à LDO o governo Lula pretenda diminuir os recursos da Saúde não deveria espantar ninguém. Afinal, desde que chegaram lá, os atuais inquilinos do Palácio do Planalto não fazem outra coisa senão negar as suas bravatas de duas décadas. Torço para que Eduardo Jorge, ex-PT, tenha melhor sorte em seu novo partido."
David Fernandes, presidente da Associação dos Comerciantes e Profissionais Liberais de Santana (São Paulo, SP)

Bancos públicos
"Como professora de direito administrativo da PUC-SP, gostaria de colaborar para o esclarecimento da manchete sobre o "loteamento" de cargos públicos nos bancos estatais (29/9). É preciso dizer que tais cargos são qualificados pela Constituição como de livre nomeação e exoneração (art. 37, inciso II). São os cargos em comissão, também conhecidos como cargos de confiança. E o critério para o seu preenchimento, como o próprio nome indica, é a confiança que a autoridade competente para fazer as nomeações tem nas pessoas que se revelam capazes de implementar a política de governo. O critério para o preenchimento de tais cargos é estritamente político, não havendo nenhuma irregularidade nisso. Também não se pode deixar de observar que os escolhidos têm formação profissional e experiência nas áreas em que vão atuar. Como a Folha acha que tais cargos foram preenchidos no governo anterior?"
Priscilla Cunha (São Paulo, SP)

Ainda é tempo
"Segundo a ONU, no mundo todo existem 500 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Só no nosso querido Brasil, existem aproximadamente 25 milhões. A mídia tem ocupado um grandioso espaço com a tão sonhada "reforma da Previdência" sem analisar o seu conteúdo. Até agora ninguém se preocupou com os nossos deficientes. A atual reforma não faz nada a favor. É inaceitável a forma como está disposto o direito à pensão mensal de R$ 240 para o deficiente. Por lei, se pai e mãe ganham cada um mais de R$ 60 por mês -o que representa 25% do salário mínimo-, não há o direito à pensão de R$ 240. Isso é um absurdo, inadmissível! O presidente Lula não pode ignorar mais uma vez os nossos deficientes. Ainda há tempo para inserir no dispositivo legal uma reforma digna."
José Augusto Carvalho Bezerra (São Paulo, SP)

Irmã
"Infeliz reportagem a publicada na coluna "Mônica Bergamo" em 28/9 (""Oscar Fake" vive à sombra da irmã rica", Ilustrada, pág. E2). Tenho muito orgulho de ter há dez anos um estabelecimento comercial nesse pedaço da Oscar Freire que carinhosamente chamamos de FOF, "fim da Oscar Freire". Aliás, o jornal em que saiu essa "fake" reportagem já publicou e elogiou muito dos comerciantes do local. A reportagem falsamente passa a impressão de que a FOF marginaliza o nome da Oscar Freire. Gostaria de ver se o mesmo ímpeto em mostrar o lado dito negativo deste pedaço da Oscar Freire seria usado para apontar os pontos negativos do resto da Oscar Freire, onde o número maior de possíveis anunciantes desta mídia poderia migrar para outros jornais. Caros jornalistas da coluna, tenho de atender carinhosamente os meus fregueses -sem perguntar quem são-, então me despeço aproveitando para convidá-los para um café num simpático bar onde a "associação da FOF" se reúne não para solicitar obras em beneficio próprio, mas, sim, para bater um papo gostoso."
Carlos Eduardo Kouyomdjian (São Paulo, SP)


Texto Anterior: Rogério Rosenfeld: O mistério da massa

Próximo Texto: Erramos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.