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CARLOS HEITOR CONY
"Um Filme É para Sempre"
RIO DE JANEIRO - Organizada
por Heloisa Seixas, uma coletânea
de 60 artigos sobre cinema confirma Ruy Castro como um grande
biógrafo de pessoas e fatos. Entre as
pessoas, é obrigatória a citação das
biografias de Nelson Rodrigues,
Garrincha e, mais recentemente,
Carmem Miranda; entre fatos, a
bossa nova, as lendas e mitos de
Ipanema etc. etc.
"Um Filme É para Sempre", seu
último livro, é a biografia de dezenas de atos e fatos do cinema internacional. Ele não se limita, como os
críticos convencionais, a resumir o
enredo e a avaliar qualidades e defeitos das obras cinematográficas,
acrescentando a ficha técnica de cada um.
Ruy trata cada filme, cada ator,
diretor e produtor como se fosse
um personagem com gestação, nascimento, vida, paixão e, em alguns
casos, morte. Ele não se limita a
opinar ou a informar, coloca tudo
dentro do contexto e das circunstâncias de sua época, tornando cada
um dos artigos uma resenha completa do cinema como um todo.
Ao lado de Antonio Moniz Vianna, José Lino Grünewald e Paulo
Emilio de Sales Gomes, ele se fixa
entre os grandes críticos do cinema
de todos os tempos, com a vantagem de conhecer como poucos a
música popular norte-americana,
tornando seus comentários mais
completos e definitivos.
A atual coletânea tem pontos altos, como o ensaio sobre Busby Berkeley, o homem que fez a Depressão
rebolar; John Wayne enterrado
junto com o western; o "Terceiro
Homem"; e o gostoso ensaio sobre a
Geração Paissandu.
No exemplar que me enviou, Ruy
colocou uma dedicatória dizendo
que "Victor Mature também é cultura!". Concordo. Tudo que passa
pela mão de Ruy se transforma em
objeto de cultura e, graças ao seu estilo inconfundível, objeto também
de prazer.
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