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PRESERVAR A MATA
Depois de 11 anos parado nos
escaninhos da Câmara, os deputados finalmente aprovaram o
projeto de lei que estabelece regras
para a preservação da mata atlântica.
O texto segue agora para o Senado,
onde se espera que seja rapidamente
votado. A proteção chega relativamente tarde. Calcula-se que as áreas
remanescentes de mata atlântica correspondam a apenas 7,3% de seu tamanho original quando da descoberta do Brasil, em 1500.
Como era de esperar, o texto que
sai da Câmara é menos rigoroso do
que o originalmente proposto pelo
ex-deputado Fábio Feldmann em
1992. Depois da negociação com ruralistas, foram retirados do projeto
mecanismos que previam a recuperação de parte da mata atlântica perdida além de uma série de restrições
às atividades econômicas que afetam
áreas onde ainda existem remanescentes da vegetação original.
Apesar das concessões -algumas
delas bastante razoáveis-, é importante que o projeto tenha avançado.
Quando a lei for finalmente aprovada, a mata atlântica estará legalmente mais bem protegida do que hoje,
sob as normas do Código Florestal e
da Lei de Crimes Ambientais, que
são legislações genéricas.
Há quem critique a administração
federal do PT por só ter priorizado a
aprovação do projeto da mata atlântica depois de ter sofrido críticas por
sua atuação na área ambiental e de o
deputado Fernando Gabeira, um
ambientalista histórico, ter abandonado o partido. É verdade que a ênfase só veio depois dessa crise, mas é
natural que governos reajam a pressões da opinião pública e a constrangimentos políticos. Resta saber se
estamos diante de uma efetiva mudança de rumos ou apenas de um esforço episódico para compensar as
falhas anteriormente apontadas.
É de esperar, nesse sentido, que,
aprovada a lei, ela não se torne mais
um daqueles diplomas olimpicamente ignorados pelas autoridades.
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