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O PT E OS "GAFANHOTOS"
É indiscutível que todo cidadão suspeito de algum delito
deve ser considerado inocente até
prova em contrário. Essa regra vale
certamente para o governador de Roraima, Flamarion Portela (PT), que
tem sido alvo de especulações em relação ao chamado escândalo dos
"gafanhotos". Como se sabe, a Polícia Federal trouxe à luz fortes indícios de um esquema de saque ao dinheiro público naquele Estado. Milhares de pessoas teriam sido incluídas na folha de pagamentos do governo (os "gafanhotos"), tendo parte
de seus salários desviada. O ex-governador Neudo Campos foi preso,
com mais 40 suspeitos, acusado de
participar da fraude.
O atual governador, Flamarion
Portela, que foi vice de Neudo Campos, assumiu em abril do ano passado -pois o titular saíra para concorrer ao Senado. Segundo se noticia, a
PF teria informações de que a folha
de pagamentos de Roraima dobrou
durante a primeira gestão -e a campanha- de Portela. O governador,
que tentava evitar os holofotes, já admitiu ter tido conhecimento "superficial" do esquema. Isso poderia ser
suficiente para que tivesse promovido investigações. Além do mais, folhas de pagamentos deveriam merecer a atenção de governadores, em
geral às voltas com restrições financeiras em seus Estados.
Tudo isso são raciocínios lógicos,
mas nem sempre a lógica preside as
ações humanas. Há casos também
em que uma lógica anteriormente
adotada é abandonada em novas circunstâncias. O PT, por exemplo, em
relação aos "gafanhotos", vai assumindo um padrão diferente de comportamento -a exemplo do que faz
em outras áreas. O partido, sempre o
primeiro a exigir apurações, agora
tenta "esfriar" o caso, preocupado
com o governador, recentemente filiado à agremiação. Essa atitude tem
uma face saudável se representar o
zelo de não condenar às pressas. Será, no entanto, lamentável se a cúpula do partido contribuir para retardar
o passo das investigações.
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