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Cabide regional
Novas regras para o funcionamento do Parlamento do Mercosul
mobilizam as atenções de congressistas brasileiros. Não são entretanto apenas os avanços da
problemática integração regional
que estão em pauta.
A partir de 2011, o órgão legislativo do bloco passará por reformas
para comportar número maior de
representantes, eleitos diretamente pelo voto. Por meio de acordos
diplomáticos, chegou-se a uma divisão que não reflete a proporção
das populações de cada integrante. Desfavorável ao Brasil, o novo
Parlasul terá 37 representantes do
país, 26 argentinos, 18 paraguaios
e 18 uruguaios.
Compete ao Legislativo de cada
país definir as regras de escolha
desses parlamentares. Trabalha-se para que o primeiro pleito regional ocorra ao mesmo tempo
que as eleições de 2012.
Congressistas brasileiros que
perderam seu mandato nas últimas eleições veem o intervalo até
a posse dos novos representantes
como uma chance de garantir emprego à custa do contribuinte.
Articula-se mudar a resolução
que hoje regulamenta as indicações de legisladores do país para o
Parlasul, de modo a permitir a não
parlamentares ocupar cadeiras no
órgão. Trata-se de um completo
despautério, que busca criar mais
um "trem da alegria", com a indicação de parlamentares "biônicos", destituídos de voto e, portanto, de legitimidade.
Mesmo a ampliação do Parlasul
e a criação de novos mandatos legítimos no órgão são questionáveis. O Mercosul não consegue
realizar a modesta tarefa de se tornar uma área de livre comércio de
fato (com tarifa zero entre os associados), perde-se frequentemente
em discussões sobre medidas unilaterais que ferem o interesse de
associados e ainda assim ambiciona apresentar-se como uma união
aduaneira, em que os países-membros funcionariam como
uma só nação nas relações econômicas com outros blocos e países.
Há muito o que resolver, portanto, antes de implementar um
parlamento regional de fato. Se
sua instalação parece inevitável,
que pelo menos se torne menos
danosa para os cofres públicos.
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