São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2010

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LUIZ FERNANDO VIANNA

Adeus às armas

RIO DE JANEIRO - São dados oficiais, do ISP (Instituto de Segurança Pública, vinculado ao governo estadual), citados nesta semana pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares: de 2003 a 2009, 7.854 pessoas foram mortas no Rio de Janeiro em ações policiais.
São mais de mil por ano, uma conta que assusta por si só. Mas a realidade é pior. Um número grande, embora não somado, de pessoas é assassinado por policiais sem farda -fazendo segurança privada, matando por encomenda, integrando milícias.
E a situação piora ainda mais se forem acrescidas as vítimas de traficantes de drogas. Elas têm, frequentemente, os seus corpos queimados e ficam ao largo das estatísticas oficiais.
Não há mágica para fazer baixar esses índices genocidas. Um dos vetores óbvios consiste em investigar e punir.
Uma pesquisa feita há quatro anos pelo ISP, também lembrada por Soares, mostrou que apenas 1,5% dos crimes letais ocorridos no Rio eram solucionados. Há países desenvolvidos em que essa taxa beira os 80%. E nenhuma outra pesquisa foi feita pelo instituto para atualizar os dados, lacuna que agrava o problema.
Outro vetor, que antecede o primeiro, é o controle de armas. As imagens que assustaram o país de dezenas de homens armados no Complexo do Alemão já não impressionam tanto quem vive no Rio. Nós nos acostumamos a ver fuzis na paisagem. Com as janelas dos carros abaixadas, os policiais os exibem como se apontassem para todos à volta.
Desde 2008, a Secretaria de Segurança Pública tem priorizado o desarmamento de certas áreas da cidade em detrimento das operações enxuga-gelo contra drogas. É o caminho. Falta quebrar a tradição da polícia fluminense de vender ou reutilizar armas apreendidas. É preciso destruí-las.


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