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O espírito de Jorgina
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Ainda estão vivas na memória as imagens de Jorgina de Freitas, encontrada pelo "Fantástico" num
país estrangeiro. Era uma esperança
de que as fraudes no INSS do Estado
do Rio de Janeiro estariam no fim.
Muito pelo contrário. Tudo indica
que os fraudadores da Previdência no
Rio se sofisticaram. É isso o que mostra um relatório explosivo sobre a Previdência no Rio.
Em apenas seis meses de trabalho,
colhendo dados de forma aleatória, os
auditores conseguiram identificar
fraudes num valor de R$ 65,5 milhões.
Quando esse relatório sobre novas
fraudes chegou à Redação da Folha,
aqui em Brasília, a reação geral foi
uma só: "De novo? Precisamos ver se
não são aquelas coisas antigas".
Infelizmente, nada era antigo. A auditoria foi realizada de abril a outubro deste ano. É tudo fresco como verdura comprada na feira.
Mais do que fresco, o relatório é uma
punhalada no argumento quase único
usado pelo governo na defesa da reforma da Previdência.
Para o governo, isso transparece nas
entrevistas, o INSS se resume a um
problema atuarial. Os funcionários
públicos pagam pouco para ter aposentadorias tão altas. É um argumento irrefutável, qualquer um sabe.
Só que isso não é tudo. Os cerca de
40 auditores que estiveram seis meses
no Rio conseguiram economizar R$
24,5 milhões para a Previdência nesse
período. Esse valor equivale aos benefícios cancelados, bloqueados ou suspensos por causa de algum tipo de irregularidade.
No cálculo do corregedor-geral do
INSS, Milton Alves Sousa, se a auditoria for levada a cabo em toda a estrutura do INSS do Rio, a economia chegaria a R$ 1 bilhão por ano -quase o
valor que o governo esperava arrecadar fazendo um desconto nas aposentadorias de servidores inativos.
O problema é que, para fazer essa
auditoria chegar ao fim, é preciso
atrapalhar a vida dos políticos que
distribuíram cargos do INSS. Aí é que
a porca torce o rabo, pois esse é o ponto mais vulnerável do governo FHC.
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