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Assalto ao forte
LUIZ CAVERSAN
Rio de Janeiro - Estamos perdidos:
um homem sozinho assaltou ontem
posto bancário do edifício do Comando Militar do Leste. Isso mesmo: sem
que ninguém visse ou ouvisse qualquer coisa, o assaltante subtraiu R$ 10
mil daquele que teoricamente deveria
ser o edifício mais seguro da cidade, já
que as centenas de pessoas que ali trabalham são soldados.
Para quem não conhece, o tal prédio
fica na avenida Presidente Vargas, em
frente ao campo de Santana e do lado
da Central do Brasil.
Foi construído nos primeiros ímpetos do Estado Novo getulista: começou
a ser erguido em 1937 e ficou pronto
em 41. Sua arquitetura é bem ao gosto
dos ditadores da época: monumental,
angulosa, massuda, abusando do
mármore e do granito, parecidíssima
com a de dezenas de prédios erguidos
na Itália da era fascista.
Foi construído junto do antigo quartel-general do Exército, aliás de onde
saiu a rebelião que virou golpe e levou
o Brasil do Império à República.
Quanto à sua forma horrenda, não
poderia ser outra. Afinal, foi erigido
para abrigar o Ministério da Guerra
do todo-poderoso Getúlio Vargas. Ele
ficou pronto, diga-se, já em meio à Segunda Guerra Mundial, conflito que,
se dependesse dos desejos mais recônditos de Vargas, teria o Brasil combatendo os aliados e não o eixo nazi-fascista. Mas essa é outra história.
Ainda sobre o tal edifício, ele se chama hoje Duque de Caxias e ostenta na
praça que tem em frente um panteão
dedicado ao patrono do Exército brasileiro. O monumento é vigiado dia e
noite por sentinelas.
Assim como todas as entradas do
prédio têm sentinelas armadas. E assim como, também, todo o acesso de
civis é controladíssimo.
Ou seja, não se sabe ainda se foi ousadia e eficiência demais do assaltante ou se houve negligência, conivência
ou incompetência da guarda.
O fato é que não se fazem mais militares como antigamente. Num certo
sentido, ainda bem.
Amanhã o Cony retorna das férias, e
eu volto a frequentar este espaço apenas às sextas-feiras.
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