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Largada nos EUA
Vitória em Iowa do ex-pastor republicano Huckabee sugere campanha polarizada pela sucessão de Bush
MUITA ÁGUA ainda vai
passar por debaixo
da ponte da eleição
norte-americana, o
evento político mais importante
do mundo em 2008 e que colocará fim aos dois controversos
mandatos do presidente republicano George W. Bush.
Na largada oficial da semana
passada, saíram na frente os pré-candidatos Barack Obama, senador democrata e negro, e Mike
Huckabee, republicano, ex-pastor e ex-governador de Arkansas.
Ambos venceram a primeira
consulta aos eleitores no intrincado processo eleitoral dos EUA,
iniciado no Estado de Iowa e que
vai se estender por todo o país ao
longo das próximas semanas.
Embora a vitória de Obama e
Huckabee em Iowa não tenha
decidido praticamente nada, ela
é importante para encorajar doadores de campanha e chamar a
atenção do eleitorado para os nomes que começam a despontar.
Nesse sentido, o feito do ex-pastor conservador Huckabee no
campo republicano é bastante
significativo. O pré-candidato
não só entrou tarde na disputa
como ainda venceu o primeiro
round, tendo arrecadado até agora apenas US$ 2,3 milhões, contra os US$ 62,8 milhões de seu
colega de partido Mitt Romney.
Já Obama, o vencedor na arena
democrata, tem em caixa estimados US$ 80 milhões. Sua vitória
sobre a também senadora Hillary Clinton, com US$ 91 milhões, deve impor nova dimensão à já acirrada e longa disputa
pela indicação de seu partido. Os
democratas estão fora da Presidência dos EUA desde janeiro de
2001, quando Bush assumiu seu
primeiro mandato. Apesar do
fracasso que já se vislumbrava no
Iraque em 2004, Bush foi reeleito naquele ano com uma vitória
completa. Venceu tanto no voto
popular quanto no Colégio Eleitoral e conquistou maioria no
Congresso.
Os democratas só recuperariam o controle do Capitólio nas
eleições legislativas de 2006, vitória que estimulou várias pré-candidaturas à Presidência dentro do partido. As de Obama e Hillary são as mais bem organizadas, assim como as que oferecem
maior risco aos democratas. Trata-se de uma aposta nada trivial
achar que o conservador eleitorado dos Estados Unidos está
preparado para eleger um negro
ou uma mulher para a Casa
Branca, algo inédito na história.
Há ainda uma diferença fundamental entre a vitória de Bush
em 2004 e a do Partido Democrata em 2006. Na reeleição do
presidente, cerca de 60% dos
eleitores norte-americanos saíram de casa para votar (o voto é
facultativo nos EUA). Já o pleito
legislativo de 2006 mobilizou
apenas 40% do eleitorado.
O maior comparecimento às
urnas na reeleição de Bush foi
provocado pela estratégia republicana de fazer plebiscitos em
vários Estados (e simultâneos à
eleição) sobre questões morais,
como casamento gay e aborto. A
mesma estratégia, destinada a tirar o eleitorado conservador e
religioso de casa para votar, deve
ser repetida em 2008.
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