São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008

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Largada nos EUA

Vitória em Iowa do ex-pastor republicano Huckabee sugere campanha polarizada pela sucessão de Bush

MUITA ÁGUA ainda vai passar por debaixo da ponte da eleição norte-americana, o evento político mais importante do mundo em 2008 e que colocará fim aos dois controversos mandatos do presidente republicano George W. Bush.
Na largada oficial da semana passada, saíram na frente os pré-candidatos Barack Obama, senador democrata e negro, e Mike Huckabee, republicano, ex-pastor e ex-governador de Arkansas. Ambos venceram a primeira consulta aos eleitores no intrincado processo eleitoral dos EUA, iniciado no Estado de Iowa e que vai se estender por todo o país ao longo das próximas semanas.
Embora a vitória de Obama e Huckabee em Iowa não tenha decidido praticamente nada, ela é importante para encorajar doadores de campanha e chamar a atenção do eleitorado para os nomes que começam a despontar. Nesse sentido, o feito do ex-pastor conservador Huckabee no campo republicano é bastante significativo. O pré-candidato não só entrou tarde na disputa como ainda venceu o primeiro round, tendo arrecadado até agora apenas US$ 2,3 milhões, contra os US$ 62,8 milhões de seu colega de partido Mitt Romney.
Já Obama, o vencedor na arena democrata, tem em caixa estimados US$ 80 milhões. Sua vitória sobre a também senadora Hillary Clinton, com US$ 91 milhões, deve impor nova dimensão à já acirrada e longa disputa pela indicação de seu partido. Os democratas estão fora da Presidência dos EUA desde janeiro de 2001, quando Bush assumiu seu primeiro mandato. Apesar do fracasso que já se vislumbrava no Iraque em 2004, Bush foi reeleito naquele ano com uma vitória completa. Venceu tanto no voto popular quanto no Colégio Eleitoral e conquistou maioria no Congresso.
Os democratas só recuperariam o controle do Capitólio nas eleições legislativas de 2006, vitória que estimulou várias pré-candidaturas à Presidência dentro do partido. As de Obama e Hillary são as mais bem organizadas, assim como as que oferecem maior risco aos democratas. Trata-se de uma aposta nada trivial achar que o conservador eleitorado dos Estados Unidos está preparado para eleger um negro ou uma mulher para a Casa Branca, algo inédito na história.
Há ainda uma diferença fundamental entre a vitória de Bush em 2004 e a do Partido Democrata em 2006. Na reeleição do presidente, cerca de 60% dos eleitores norte-americanos saíram de casa para votar (o voto é facultativo nos EUA). Já o pleito legislativo de 2006 mobilizou apenas 40% do eleitorado.
O maior comparecimento às urnas na reeleição de Bush foi provocado pela estratégia republicana de fazer plebiscitos em vários Estados (e simultâneos à eleição) sobre questões morais, como casamento gay e aborto. A mesma estratégia, destinada a tirar o eleitorado conservador e religioso de casa para votar, deve ser repetida em 2008.


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