São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2009

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ELIANE CANTANHÊDE

Reis mortos, rei posto

BRASÍLIA - Depois das baixas de um lado e de outro, petistas e tucanos acabaram sem nomes que possam ser considerados "naturais" na disputa por São Paulo, a joia da coroa entre os governos estaduais. É assim que emerge o novo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho.
Marta Suplicy não apenas perdeu a eleição para Gilberto Kassab como perdeu a compostura ao usar preconceitos sexistas, logo ela!, contra um adversário político. Ela tem voto, mas enfrenta resistências crescentes no próprio PT.
Aloizio Mercadante perdeu uma enorme chance de ficar na dele ao se enredar pela história, até hoje muito mal explicada, das malas de dinheiro para fabricar dossiês contra oposicionistas.
Fernando Haddad faz boa figura, mas nunca disputou eleições assim e jura que não quer, João Paulo está soterrado sob o processo do "mensalão" e Antonio Palocci, esse, sim, seria um candidato de bom calibre.
Sua campanha, porém, tende a ser uma corrida de obstáculos, para saltar o julgamento do caso do caseiro Francenildo, explicar aquela turminha da pesada em Ribeirão Preto e sobreviver à pancadaria implacável da oposição.
Já Luiz Marinho... Bem, ele é amigo do homem, tem a origem sindical do homem, foi ministro do homem e teve suporte do homem -o que se traduziu em apoio em espécie. Um dos recordistas em arrecadação, o novo prefeito também foi o quinto maior doador de campanhas de vereadores aliados.
Ao recuperar São Bernardo para o PT, depois de 16 anos de abstinência, Marinho também surpreendeu anunciando um acordo com Kassab (DEM), que lhe rendeu dois votos dos demos e a maioria na assembleia. Não está aí para brincadeira.
Com tanto petista descendo a ladeira, o mínimo que se pode dizer é que Marinho, 50, embalou na subida. O problema é que, quanto mais Lula der um empurrãozinho para cima, mais os postulantes petistas tentarão empurrar para baixo.

elianec@uol.com.br



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