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ELIANE CANTANHÊDE
Reis mortos, rei posto
BRASÍLIA - Depois das baixas de
um lado e de outro, petistas e tucanos acabaram sem nomes que possam ser considerados "naturais" na
disputa por São Paulo, a joia da coroa entre os governos estaduais. É
assim que emerge o novo prefeito
de São Bernardo, Luiz Marinho.
Marta Suplicy não apenas perdeu
a eleição para Gilberto Kassab como perdeu a compostura ao usar
preconceitos sexistas, logo ela!,
contra um adversário político. Ela
tem voto, mas enfrenta resistências
crescentes no próprio PT.
Aloizio Mercadante perdeu uma
enorme chance de ficar na dele ao
se enredar pela história, até hoje
muito mal explicada, das malas de
dinheiro para fabricar dossiês contra oposicionistas.
Fernando Haddad faz boa figura,
mas nunca disputou eleições assim
e jura que não quer, João Paulo está
soterrado sob o processo do "mensalão" e Antonio Palocci, esse, sim,
seria um candidato de bom calibre.
Sua campanha, porém, tende a ser
uma corrida de obstáculos, para saltar o julgamento do caso do caseiro
Francenildo, explicar aquela turminha da pesada em Ribeirão Preto e
sobreviver à pancadaria implacável
da oposição.
Já Luiz Marinho... Bem, ele é
amigo do homem, tem a origem sindical do homem, foi ministro do homem e teve suporte do homem -o
que se traduziu em apoio em espécie. Um dos recordistas em arrecadação, o novo prefeito também foi o
quinto maior doador de campanhas
de vereadores aliados.
Ao recuperar São Bernardo para
o PT, depois de 16 anos de abstinência, Marinho também surpreendeu
anunciando um acordo com Kassab
(DEM), que lhe rendeu dois votos
dos demos e a maioria na assembleia. Não está aí para brincadeira.
Com tanto petista descendo a ladeira, o mínimo que se pode dizer é
que Marinho, 50, embalou na subida. O problema é que, quanto mais
Lula der um empurrãozinho para
cima, mais os postulantes petistas
tentarão empurrar para baixo.
elianec@uol.com.br
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