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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Cidade limpa?
SÃO PAULO - Aumentou o número de mendigos nas ruas do centro
de São Paulo. É a sensação generalizada de quem mora ou trabalha na
região. Provavelmente, isso está ligado à atuação da Secretaria de Assistência Social, título algo irônico
diante da política conduzida pela
pasta da vice-prefeita de Gilberto
Kassab, Alda Marco Antonio.
A gestão Alda-Kassab está fechando os albergues no centro. Foram desativadas desde 2008 duas
grandes unidades que abrigavam a
população de rua -o Jacareí e o Glicério, com 700 leitos, mas que na
prática acolhiam mais gente. Ainda
está previsto o fim de pelo menos
duas outras unidades, o que significará a perda de novas 500 vagas.
Há uma orientação clara da prefeitura para transferir os esfarrapados para regiões afastadas, sobretudo para a periferia da zona leste. A
medida tem se revelado um tanto
desastrada. Entidades que trabalham na assistência aos desvalidos
acusam Kassab de promover uma
política de higienização no centro.
Mas talvez nem isso ela seria, uma
vez que o efeito é o contrário. O que
temos é uma espécie de higienização tabajara. Incapaz de lidar com o
drama da população de rua, a prefeitura parece apenas tirar tudo de
quem já não tinha nada.
Conforme relatos a este colunista, a própria Polícia Militar está
contrariada com o agravamento do
problema. A PM acaba sendo convocada para tarefas que não lhe são
intrínsecas diante da falência das
demais políticas públicas.
Nos arredores do largo do Arouche e da praça da República, ao longo das avenidas Duque de Caxias e
São João nota-se sem muito esforço
que cresceu a massa de miseráveis
largados à própria sorte. Mas nada
se compara à degradação disponível sob o Minhocão. Escuro, úmido,
poluído, barulhento, fedido, o terrível viaduto se tornou uma espécie
de albergue ao ar livre da vida cronicamente inviável. É uma imagem
que só um abandono do tamanho
deste que as elites paulistanas promoveram no centro da cidade seria
capaz de proporcionar.
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