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ELIANE CANTANHÊDE
Línguas diferentes
BRASÍLIA - Hoje é dia de Lula oferecer almoço e sorrisos para todos
os governadores, com fotos felizes
para todo o país. Ele adora. E eles
saem satisfeitos. Mas, de prático,
nenhum dos dois lados parece esperar muita coisa.
Lula precisa dos governadores
para aprovar a prioridade do segundo mandato -o PAC-, enquanto os
governadores precisam de Lula para ter um mínimo de fôlego para investimentos. Mas cada um está falando uma língua diferente.
Lula insiste em jogar na mesa a
reforma tributária, ao que o governador José Roberto Arruda (PFL-DF) reage: taí, uma bela forma de o
presidente ficar só ouvindo, enquanto os governadores se matam
entre eles discutindo a guerra fiscal.
Ou seja: é uma forma de Lula não se
comprometer com nada.
Já os governadores insistem em
jogar na mesma mesa três idéias
que dão azia no governo federal: dividir recursos da CPMF com Estados e municípios, ampliar os da Cide (o imposto das estradas) e abater
do cálculo das dívidas os transferidos para o Fundeb.
Nem os governadores querem
discutir reforma tributária nem o
presidente quer ouvir falar em dividir receitas da União. Então... fica
difícil conversar.
Mesmo o assunto mais candente,
o do baixo crescimento econômico,
deverá ser objeto de debates e manifestações, apesar de o Copom (o
comitê que define os juros) estar
reunido justamente entre hoje e
amanhã, também em Brasília. "Essa questão é federal, não federativa", justificou Arruda.
Ontem, o que havia era muita
conversa, muito telefonema, muita
espuma. De concreto, nada. Mas
Lula anda em boa fase, cheio de popularidade, partidos, aliados e votos
no Congresso. Quem sabe reparte
um pouco do bom humor com governadores desesperados por mais
verbas e melhores condições para
governar? A esperança é a última
que morre. E o PAC precisa passar.
elianec@uol.com.br
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