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Hillary respira
Vitória da pré-candidata em dois Estados grandes indica que disputa no Partido Democrata deverá se prolongar
ENQUANTO o partido do governo nos EUA já tem o
candidato à sucessão de
George W. Bush definido,
o da oposição deve continuar dividido, talvez até a convenção
nacional de agosto, em Denver.
A seqüência de 11 triunfos seguidos de Barack Obama foi interrompida ontem com a vitória
de sua adversária, Hillary Clinton, nas primárias dos Estados
de Ohio e Texas.
A não ser que ocorra algum
acontecimento dramático, Clinton e Obama chegarão a Denver
sem o número necessário de delegados para assegurar a indicação. A decisão por um deles ocorrerá por meio de articulações políticas e da opção dos "superdelegados" (não eleitos), que são os
figurões do Partido Democrata.
As diferenças programáticas
entre os dois aspirantes à candidatura oposicionista são mínimas. Como ocorre com freqüência nos EUA, a preferência do
eleitorado se concentra mais em
aspectos da personalidade ou da
biografia dos concorrentes do
que em propostas de governo.
Uma das poucas discordâncias
reais entre os dois está no tema
do seguro-saúde, um dos mais
importantes para a população do
país. Dezenas de milhões de
americanos não contam com um
programa de assistência médica
que os proteja.
A geração "baby-boom" -pessoas nascidas logo após a Segunda Guerra Mundial-, muito relevante entre os formadores de
opinião pública, está chegando à
faixa etária em que mais necessitará desse tipo de assistência.
Hillary Clinton propõe um sistema de seguro-saúde universal
e obrigatório; Obama sugere que
a adesão ao programa seja voluntária, embora com o objetivo de
abranger todos os cidadãos.
No mais, é difícil distinguir os
dois adversários. O debate tem
girado em torno da experiência
de cada um para lidar com os
grandes problemas do país e do
mundo, do seu grau de comprometimento com mudanças significativas, da firmeza e antigüidade com que se opuseram ao envolvimento militar dos EUA no
Iraque, da capacidade que têm
de despertar entusiasmo entre
os segmentos do eleitorado mais
vitais para a vitória no pleito em
novembro: jovens, independentes, hispânicos, negros.
Apesar disso, é fácil prever que
um governo Hillary Clinton seguiria as grandes linhas mestras
da administração de seu marido,
Bill, nos anos 1990. Ênfase no
multilateralismo nas relações internacionais, presença moderada do Estado na economia doméstica, projetos sociais mais
abrangentes que os dos republicanos -embora mais modestos
do que os do período do "New
Deal" de Roosevelt- e preferência por posições de centro-esquerda nas questões morais.
Quanto a Obama, sua perspectiva de governo permanece uma
grande incógnita, já que seu histórico como político nacional é
ralo e seus programas de governo, genéricos.
A demografia do apoio aos
dois, no entanto, é clara. Hillary
Clinton tem sua base em mulheres, idosos, hispânicos, setores
de menor renda familiar e menor
instrução formal; Obama, em homens, negros, pessoas com mais
renda e mais instrução.
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