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CORES DA DESIGUALDADE
Se o Brasil avançou em vários indicadores sociais ao longo da
última década, é forçoso reconhecer
que as melhorias se distribuíram de
modo desigual entre brancos, de um
lado, e negros e pardos, de outro.
Vale ressaltar que apenas 5,4% da
população brasileira afirma que é negra, enquanto 54% se declaram
brancos, e 39,9%, pardos, segundo
dados do IBGE de 1999.
Quando se olha para os indicadores socioeconômicos, verifica-se que
negros e pardos formam um grupo
mais ou menos homogêneo, bastante diverso do dos brancos. Os números da Síntese de Indicadores Sociais
da década de 90, divulgados anteontem pelo IBGE, mostram, por exemplo, que o analfabetismo cresce com
a pigmentação da pele. Não sabem
ler 8,3% dos brancos, 19,6% dos pardos e 21% dos negros.
A instrução é, por certo, uma forma
de ascensão social, mas de modo
mais acelerado para os brancos. Para
cada ano de estudo extra, os brancos
têm sua renda elevada em 1,25 salário mínimo. Já a renda dos negros e
pardos cresce 0,53 salário mínimo.
Para tentar amenizar esse grave
problema de desigualdade racial,
muitos propõem, a exemplo do que
se dá nos EUA, políticas de ação afirmativa, como a criação de cotas étnicas nas universidades públicas. É duvidoso que esse sistema funcione e é
certo que cria uma série de distorções práticas e teóricas, como o desvirtuamento do sistema educacional
baseado no mérito.
Na lógica das cotas, o mérito é sub-repticiamente substituído pela diferenciação calcada na cor da pele.
Aplica-se o mesmo critério que se
queria combater. Ademais, em troca
da correção dos erros do passado,
cria-se um entrave ao pleno desenvolvimento do sistema educacional.
Uma análise dos indicadores demográficos mostrará que outro nome possível para o grupo dos negros
e pardos é "pobres". E pobreza se
combate distribuindo renda. Os serviços públicos, por exemplo, precisam atingir um nível de qualidade capaz de instaurar, de fato, a igualdade
de oportunidades.
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